Cabrini visita o autodromo de Imola, onde Senna sofreu acidente fatal.
Foto: Divulgação/Record
Há 30 anos o 1º de maio ganhou um novo significado pra os brasileiros. A data, desde 1995, deixou de ser apenas o feriado do Dia do Trabalho para marcar, para sempre, o dia em que um dos maiores nomes da F1, Ayrton Senna, perdeu a vida ao bater violentamente o carro na curva Tamburello, no GP de San Marino. Para marcar as três décadas da morte do piloto, Roberto Cabrini, jornalista que acompanhou de perto a carreira de Senna e que foi o primeiro anunciar que ele não sobrevivera ao impacto, produziu o documentário "Senna 30 Anos: O Dia que Ainda Não Terminou”. O especial, a mais completa produção já realizada até hoje sobre os dias que antecederam o trágico acidente, foi exibido pela RECORD no domingo e chega agora ao PlayPlus em versão ampliada, com vasto conteúdo extra.
No streaming, o público poderá assistir a trechos inéditos das entrevistas realizadas pelo jornalista com o narrador Galvão Bueno, com a assessora de imprensa do piloto, Betise Assumpção, e com a autor da biografia do piloto, Ernesto Rodrigues.
No encontro com Cabrini, Bueno se emociona ao lembrar o momento do acidente e a comoção nacional diante da notícia de que o piloto não resistira. "Senna morreu no sofá da casa das pessoas que estavam assistindo à corrida”, diz Galvão. O narrador completa: “É sempre muito difícil ver isso. Mexe muito comigo. Mas eu juro que eu tinha certeza de que ele sairia do carro".
A entrevista exclusiva com Betise traz revelações sobre os bastidores daquele dia fatídico. Ela conta que o então dirigente da F1, Bernie Ecclestone, procurou Leonardo Senna, irmão do piloto, para falar sobre o acidente. Coube a ela traduzir às más notícias: "Ele está morto, mas nós não podemos declarar porque não pode parar a corrida".
O depoimento da ex-namorada Adriane Galisteu mostra a determinação de Senna em disputar o GP de San Marino: "Falei pra ele não correr. No domingo de manhã, foi a primeira vez que eu bati nessa tecla e ele brigou comigo ao telefone. Falou: 'Como assim? Não vou correr?' Ficou bravo. Como é que eu tive a ousadia de falar pra ele não correr?".
A versão ampliada apresenta também um panorama de toda a trajetória de Senna, desde a infância na Zona Norte da capital paulista, até a chegada à Formula 1. E traz registros raros do arquivo pessoal de Roberto Cabrini. Deste acervo do jornalista, a mãe de Senna, revela um pedido especial que fez à neta Lallali.
No especial, Cabrini volta aos locais que Senna visitou nos dias que antecederam o acidente, entrevista os personagens que conversaram como ele e foram testemunha do que ele pensava após os acidentes de Rubens Barrichello, na sexta-feira, e a batida fatal de Roland Ratzenberger, no sábado. Cabrini investiga e resgata os principais momentos vividos por Senna às vésperas da corrida que encerrou sua carreira, no Grande Prêmio de San Marino, em 1º de maio de 1994.
Nestes 30 anos, Cabrini jamais parou de investigar os fatos relacionados ao acidente fatal. Uma investigação de 30 anos que, agora, chega a seu ponto máximo. O documentário mostra por que aquele dia se recusa a terminar, pelas vozes que ainda ecoam. Através dos anos, Cabrini colheu uma série de depoimentos que são resgatados neste especial, como uma rara entrevista com a mãe do piloto, Neyde Senna. E agora - com depoimentos definitivos, gravados nos últimos dias em quatro países - San Marino, Itália, Inglaterra e Brasil - reencontra alguns dos principais personagens daquele 1° de maio de 1994.
O documentário, realizado ao longo de quatro meses de intensa pesquisa também resgata toda a carreira do mais espetacular piloto que a Fórmula 1 já produziu, para mostrar como o legado de Senna ainda persiste, mesmo três décadas depois de sua morte. Um documento definitivo que desvenda o homem por trás da lenda. Passado e presente se encontram em uma produção de padrão internacional histórico, gravado com qualidade cinematográfica, que revela detalhes, até então, não divulgados. E retoma questões que nunca foram totalmente esclarecidas.
Cabrini: do anúncio da morte a décadas de busca por repostas
Na sétima volta do Grande Prêmio de San Marino, Senna escapou da pista com sua Williams a mais de 300 quilômetros por hora e se chocou violentamente contra o muro de proteção na curva Tamburello, no autódromo de Ímola, na Itália.
Roberto Cabrini, que cobria os passos do piloto na época, acompanhou cada detalhe na pista e no Hospital Maggiore, de Bolonha, para onde Senna foi levado. Depois da morte do piloto, também foi Cabrini que acompanhou e esmiuçou as investigações oficiais. O jornalista trouxe uma série de fatos que permaneciam ocultos, como reuniões secretas de Senna e os envolvidos na preparação de seu carro nas mais diversas frentes.
Foi o jornalista quem revelou a primeira imagem do capacete e depois provou, com suas apurações, que existiam imagens da câmera on board, o que, até então, era negado pelos diretores da Fórmula 1. As sequências só foram liberadas em primeira mão por pressão de Cabrini e, mesmo assim, apresentaram, misteriosamente, um corte suspeito, justamente, no momento do impacto contra o muro.
Que mudanças tinham ocorrido em seu carro e que influências tiveram na ruptura da barra de direção que deixou o carro totalmente desgovernado na parte mais crítica da pista? Por que o Grande Prêmio, que vitimou o brasileiro, deveria ter sido cancelado?
Cabrini volta à Itália e à curva Tamburello, refazendo cada detalhe, cada momento de Senna naquele fim de semana trágico, que começou com o acidente grave de Rubens Barrichelo na sexta, continuou com a morte de Roland Ratzenberger no sábado, criando um ambiente tenso, repleto de encruzilhadas dentro do complexo jogo político da Fórmula 1.
Senna morreu na pista ou no hospital? O que revelou nos instantes que antecederam a corrida? Cabrini presenciou tentativas de manipulação naquele fim de semana, algumas reveladas pelo próprio Senna ao jornalista.
Como foi a última noite? O piloto, de fato, pensou em não correr?
Por que olhava fixamente para a sua Willians, momentos antes da largada? Como foi o último jantar do piloto?
Quais os bastidores das tensas reuniões que ele participou naquele fim de semana?
Como estava a mente do piloto?
Questões que ainda hoje instigam Cabrini a buscar a verdade, como ele mesmo explica: “São praticamente 30 anos investigando esses acontecimentos, sob as mais diversas perspectivas. Pra mim, como jornalista, Senna era um personagem denso. E como ser humano, um amigo muito querido. Uma reportagem como essa é mais do que uma missão para mim. É um verdadeiro chamamento. Uma história complexa que tem que ser devidamente contatada por tudo o que vi e vivi, primeiramente em minha convivência com ele e, depois, em minhas investigações sobre aquele 1º de Maio. Fica fácil compreender por que o documentário especial se chama "O Dia que Ainda Não Terminou", com todas as convicções e questionamentos que traz até hoje”.
“Senna 30 anos: O Dia que Ainda Não Terminou" está diponível no PlayPlus.
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