Novas plataformas e meios de distribuição surgiram, enquanto alguns direitos ganharam maior relevância em detrimento de outros, mas o papel dos esportes, sobretudo o futebol, para gerar valor aos grupo de mídia continua sendo o mesmo.
O CazéTV, por exemplo, é baseado no modelo de negócio mais tradicional da distribuição de conteúdo esportivo, mas em uma plataforma digital acessada massivamente com o uso de TVs conectadas. Disponível no YouTube e retransmitido na Twitch, o canal especializado na transmissão de eventos esportivos foi criado em novembro de 2022 pelo streamer Casimiro Miguel e pela LiveMode. "Não é muito diferente do modelo que a Globo faz na TV aberta. Temos muito orgulho do nosso trabalho, mas sabemos que não estamos inventando a roda. É o modelo de 70 anos da TV aberta", disse no NexTV Series Brasil, que aconteceu nesta terça, 6, em São Paulo, Maurício Portela, sócio da Livemode.
Hoje, diz ele, repetindo que os modelos se renovam, as plataformas são ajudadas pelo futebol para penetrar pelo país, assim como aconteceu na TV por assinatura. "O esporte é muito importante para os grupos de distribuição de conteúdo crescerem e conseguirem base relevante", afirma.
Diego Vieira, head de Esportes da Warner Bros. Discovery (WBD), concorda. Segundo ele, o esporte é um dos principais elementos de valor para assinante das plataformas de streaming. "Hoje o consumidor que ver 'House of the Dragon', 'Friends' e 'Champions League'. O esporte, o jogo ao vivo, é fundamental para as plataformas e para a TV por assinatura", diz.
Pulverização
Um rearranjo de direitos ocorreu nos últimos anos, com o maior número de plataformas e canais disputando os direitos. Para Eduardo Gabbay, diretor de Canais Esportivos da Globo, vivemos um contexto de pulverização maior das plataformas e dos direitos esportivos. "É um desafio que se coloca ao consumidor: onde encontrar o jogo. A gente vem trabalhando para encarar", diz.
O Premiere – plataforma e canal pago premium da Globo dedicado aos jogos do Campeonato Brasileiro Séries A e B, Copa do Brasil e alguns Campeonatos Estaduais – sofreu forte impacto na pandemia de Covid-19, quando chegou a ficar quase cinco meses sem conteúdo. Segundo Gabbay, a Globo buscou novas formas de distribuição e novos parceiros, intensificando a distribuição. "Desde a pandemia, o Premiere retomou bases acima do que tinha antes e hoje mais de 40% da base é digital – uma base boa de preço e mais estável, por conta do pacote anual", diz.
A Globo vê esporte como pilar estratégico e, de acordo com Gabbay, não apenas é o principal investidor dos direito esportivos no Brasil, como pretende manter essa posição durante e após uma transição para um modelo puramente digital. Para isso, também seguirá investindo em tecnologia para ampliar as plataformas de distribuição. "Olhamos o futuro com a transição ancorada no diferencial da Globo, que é o seu ecossistema com TV aberta, paga, portais, Cartola…", diz.
Além da Globo, o Nosso Futebol, canal por assinatura brasileiro voltado para a transmissão de torneios de futebol nacional e internacional com uma versão em pay-per-view intitulada Nosso Futebol+, também aposta em um modelo multiplataforma, com entrega para diferentes níveis de precificação. Henrique Marques, COO do Nosso Futebol, diz que usa a fragmentação que vem acontecendo no ambiente do futebol para criar um pacote único. É um trabalho em andamento e complexo, por conta de um rearranjo de valor nos campeonatos estaduais e regionais. "As federações vão ter que se reinventar na medida em que seus campeonatos não tem mais o mesmo valor. Vão ter repensar o modelo com os players do mercado", diz. Segundo ele, há espaço para estes campeonatos e diferentes séries do futebol, mas não na proposta antiga de valor e de divisão de investimentos e de trabalho. "Tem potencial de gerar algum tipo de valor, mas só se as federações compreenderem o novo momento e atuarem em parceria. Fazer futebol custa caro, explica.
Por Fernando Lauterjung, via TELA VIVA
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