Foto: Globo/João Miguel Júnior
Um dos bordões mais famosos da carreira de Galvão Bueno nasceu do encantamento do narrador ao ver a magia brotar dos pés de uma então jovem promessa do futebol: “Olha o que ele fez!”. Inspirado no lance que ficou eternizado na voz do homem que carrega no imaginário dos brasileiros as lembranças mais marcantes do esporte nacional nas últimas quatro décadas, a famosa frase também completa o nome da série documental, Original Globoplay: ‘Galvão: Olha O Que Ele Fez’. Logo na estreia, dia 18 de maio, os dois primeiros episódios serão disponibilizados aos assinantes da plataforma, enquanto os demais chegarão ao streaming na semana seguinte, dia 25. A série documental resume bem quem é Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno. Em cinco episódios, com direção de Sidney Garambone e Gustavo Gomes, o conteúdo traz intimidades, curiosidades e seus grandes marcos profissionais. “Eu nunca fui bonzinho. Mas também nunca fui um monstro”, pondera o narrador. O sportv exibe a primeira parte deste material na data da estreia, às 23h, logo após o ‘Troca de Passes’.
Através de narrador, o material conta boa parte do que aconteceu na história do esporte brasileiro nos últimos 40 anos. Para produzir a série, que começou a ser feita ainda no primeiro semestre do ano passado, uma equipe viajou com Galvão para os Estados Unidos, Japão, Catar, e alguns de seus refúgios, como a casa de Londrina, no Paraná, e a fazenda Candiota, no interior do Rio Grande do Sul. “Galvão é um dos personagens mais complexos da TV. Há quem o ame. Há quem o odeie. E há quem o ame e o odeie ao mesmo tempo. Ir com ele nos palcos do tetra e do penta foi inesquecível. Pela primeira vez, vi nos olhos dele nostalgia e vontade de não ir embora do Orange Bowl e do Estádio de Yokohama. O documentário descasca a alma e o mito Galvão Bueno. Perfeições e imperfeições. Ira e doçura”, afirma o diretor Sidney Garambone. “O Galvão é um personagem complexo. Ele é um gênio da comunicação, mas também é genioso e capaz de ir às últimas consequências para atingir a qualidade que ele considera diferenciada. A maior curiosidade era entender como o Galvão revolucionou a forma de narrar esportes no Brasil e levou a profissão para um novo patamar. Nosso desafio foi mostrar o personagem por trás da voz, a família e o que ele teve que abrir mão para conquistar o que queria”, complementa o diretor Gustavo Gomes.
Histórias desconhecidas, broncas desproporcionais nos bastidores e a intimidade deste carioca, nascido na Tijuca, torcedor do Flamengo, que passou boa parte da infância e adolescência entre Santos e São Paulo, estão nesta produção. O menino que faltava às aulas na escola para poder ver os treinos do Pelé e que mais tarde teve a honra de ser o primeiro abraço a acolher o ídolo quando o tetra se consumou. Galvão Bueno também voltou ao Autódromo de Suzuka, onde Ayrton Senna conquistou seus três campeonatos mundiais de Fórmula 1, e visitou ainda os estádios de Yokohama e Tóquio, respectivamente, palcos do penta e do título mundial do Flamengo, em 1981. Foi também ao Rose Bowl, em Los Angeles, local em que o Brasil deu fim a um jejum de 24 anos sem conquistar uma Copa. E a Doha, no Catar, onde fez sua última das 11 coberturas de Copas do Mundo pela TV Globo. Imagens inéditas com bastidores de transmissão, que mostram o suporte de toda uma equipe por trás para auxiliar quem está falando com milhões de brasileiros e a arte de colocar no ar ao vivo uma operação por vezes tão complexa. No Maracanã, ao lado do bairro onde nasceu, também passou por uma experiência inédita por conta da série: assistir a um Fla x Flu como torcedor, acompanhado pelos filhos e netos, algo que nunca tinha experimentado desde que começou a trabalhar, em 1974.
No documentário, a formação da personalidade, construída por uma educação por vezes mimada, conduzida por várias mãos, e marcada pela ausência paterna podem ser conferidas no episódio de abertura do documentário. A euforia de narrar dois títulos mundiais da seleção brasileira e conquistas especiais de clubes do país norteiam o segundo episódio. A dor de acompanhar ao vivo a morte de um dos principais ídolos do esporte nacional e, ao mesmo tempo, de um grande amigo, estão no terceiro, que se aprofunda na relação com Ayrton Senna e na paixão do narrador pelo automobilismo, a ponto de ter dois filhos que se tornaram pilotos também. Na quarta parte, o preço da fama. O homem que transformou e mudou o rumo de sua profissão também sofreu com o peso de conviver com o status de estrela. Galvão não teve medo de se expor ao público. No quinto e último episódio, os bastidores da cobertura da Copa do Mundo de 2022 e a despedida da função de narrador da TV Globo. As qualidades e defeitos dessa forte personalidade são percebidas facilmente. Cada roupa deste personagem icônico da TV brasileira é despida neste documentário. O filho, o pai e o avó; o sobrinho, o marido, o amigo, o empresário e o torcedor; a fera, o genioso, o crítico e o desafeto. “Reza a lenda que algumas pessoas têm medo de mim. Eu não consigo entender o porquê”.
Mais de 50 pessoas foram ouvidas para ajudar a montar o perfil do narrador, além do próprio Galvão Bueno. Companheiros de trabalho que viram de perto a construção deste fenômeno, como Boni, Arnaldo Cezar Coelho, Reginaldo Leme, Casagrande, Falcão, Júnior, Tino Marcos, Mauro Naves, Marcos Uchôa, William Bonner, entre outros. Atletas que tiveram suas conquistas eternizadas nesta voz, como Hortência, Ronaldo, Romário, Cafu, Zico, Kaká, César Cielo, Felipe Massa e Rubens Barrichello. Humoristas como Marcelo Adnet e Hubert, que homenagearam Galvão em suas imitações. E a família, aquela que conhece a intimidade, e a que sofreu com a ausência dele. “Chegar ao sucesso não é tão difícil. O mais difícil é saber conviver com o sucesso”.
Postar um comentário
Deixe seu comentário