Na Globo desde 1982, Miguel Falabella foi comunicado na quinta-feira (04) que a emissora não renovará seu contrato, que se encerra em setembro. O ator, autor e diretor foi avisado por Carlos Henrique Schroeder, que no novo organograma da Globo ocupa o cargo de diretor de criação e produção de conteúdo.
Falabella ouviu que nesta nova fase a Globo não está mantendo em seus quadros, com contratos de longo prazo, autores sem trabalhos em andamento ou planejados. Foi a mesma justificativa para a não renovação do contrato com Aguinaldo Silva em janeiro.
Com um currículo que inclui, entre muitos outros, "Sai de Baixo", "Toma Lá Dá Cá", "Pé na Cova", "A Vida Alheia" e várias novelas ("Salsa e Merengue", "A Lua Me Disse", "Negócio da China"), Falabella vinha tendo dificuldades em aprovar novos projetos nos últimos anos.
O seu trabalho mais recente foi "Eu, a Vó e a Boi", lançada diretamente na Globoplay. Foi uma encomenda de Gloria Perez no curto período em que a autora atuou como assistente de Silvio Abreu na direção de teledramaturgia.
Falabella disse ao UOL que encara a ruptura com naturalidade. Disse que "foi tudo muito delicado" neste processo. E que não tem nada para reclamar: "Tenho quase 40 anos de Globo. Fui tratado sempre como um príncipe. Nunca atrasou um dia o pagamento. Me ajudaram quando precisei de assistência médica. São verdadeiros pais".
O autor também tem consciência que, mesmo fora da Globo, o seu trabalho não deixará de ser exibido na tela da emissora. Lembra do sucesso das reprises do "Sai de Baixo" e observa: "Vou estar sempre nas reprises".
Sobre os próximos passos, Falabella diz: "É bacana, na minha idade (63 anos), ter uma oportunidade de se reinventar. A gente se reinventa". E acrescenta: "Projetos tenho vários".
A notícia sobre o fim do contrato foi publicada nesta sexta-feira (05) pela jornalista Patricia Kogut, em "O Globo". "Desde que saiu a notícia, não paro de receber propostas", diz Falabella. "Vou ter a oportunidade de abrir novas vertentes, exercitar novas linguagens", diz.
Falabella tem as portas abertas, diz a Globo
Em nota divulgada na tarde desta sexta, a Globo justificou a medida tomada em relação a Falabella como mais uma iniciativa destinada a "preparar a empresa para os desafios do futuro". E também como fruto de um novo modelo de parceria com os seus contratados. Veja abaixo:
"Como todos sabem, nos últimos anos, temos tomado uma série de iniciativas para preparar a empresa para os desafios do futuro. Com isso, temos evoluído nos nossos modelos de gestão, de criação, de produção, de desenvolvimento de negócios e também de gestão de talentos. Assim, em sintonia com as transformações pelas quais passa nosso mercado, a Globo vem adotando novas dinâmicas de parceria com seus talentos. Miguel Falabella, assim como outros companheiros, tem abertas as portas da empresa para futuros projetos em nossas múltiplas plataformas."
Antecedentes
A relação de Falabella com a área de criação da Globo não vinha bem nos últimos anos. Em agosto de 2019, em entrevista ao UOL durante o Festival de Gramado, ele disse que não pretendia renovar seu contrato com a emissora.
"Acho que não quero renovar porque eu fico muito preso e quero liberdade. Se eles dizem não a um projeto meu, não tenho outra porta para bater".
Na ocasião, observei que Falabella vinha acumulando pequenos desgastes na sua relação com a emissora. Ele ficou muito chateado, com razão, na minha opinião, com a repercussão negativa, antes mesmo da estreia, de "Sexo e as Negas" (2014), injustamente acusada de racismo. A série teve apenas uma temporada.
O seu trabalho seguinte, "Brasil a Bordo", foi engavetado por um bom período e estreou diretamente na Globoplay, o que também desagradou ao autor. Outra encomenda que recebeu, um episódio da segunda temporada da série "Os Experientes", também não avançou.
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