Ayrton Senna foi campeão no GP do Japão em 1988 (Foto: Forix) |
Antes daquele 1 de maio de 1994, as manhãs de domingo eram diferentes. Havia um compromisso que unia famílias por cerca de duas horas em frente a uma TV de tubo, com a resolução bem longe da perfeição das telas planas de alta tecnologia de hoje. O celular ainda era um acessório dispensável e a internet, inimaginável. As famílias se reuniam em volta deste televisor para ver Senna disputar mais uma corrida. O almoço podia esperar um pouco, o café da manhã começava mais cedo e a programação era completa quando Galvão Bueno gritava “Ayrton Senna do Brasil” e o “Tema da Vitória” entrava na casa dos brasileiros como senha de felicidade. Quem viveu aqueles domingos lembra bem a sensação. Uma euforia, um orgulho. Os brasileiros tinham uma referência de sucesso no esporte. Um ídolo, na mais clara acepção da palavra.
Neste domingo, dia 3 de maio, a TV Globo vai reviver por duas horas o que eram aquelas manhãs e madrugadas antes da fatídica corrida de Ímola, há 26 anos. Em homenagem ao tricampeão será exibida, no ‘Esporte Espetacular’, a íntegra do Grande Prêmio do Japão de 1988, a corrida que o colocou na galeria dos campeões mundiais, com a narração original de Galvão Bueno. O programa também terá participações de Viviane e Bruno, irmã e sobrinho de Senna, e do piloto Felipe Massa.
Durante aquele domingo de 1994, os sentimentos de angústia e, posteriormente, tristeza e revolta, tomaram conta dos corações brasileiros. Após Galvão dizer “Senna bateu forte”, nada mais foi o mesmo. A empolgação tão conhecida do narrador deu lugar a um tom preocupado durante o restante da transmissão. As tristes atualizações vinham do hospital de Bologna, na Itália. Por fim, às 13h40 (de Brasília), a notícia que ninguém gostaria de ouvir. O Brasil perdia o ídolo, a lenda, seu maior piloto de todos os tempos. Naquela noite, o ‘Fantástico’ encerrou a cobertura do dia trágico com a “Canção da América”, de Milton Nascimento e Fernando Brant. Uma letra que representava muito a relação que Galvão Bueno tinha com Senna.
Quem viu Senna guiar às vezes se pergunta o que ele estaria fazendo atualmente se não houvesse a curva Tamburello em seu caminho. Galvão tem um palpite: “Estaria com 60 anos, talvez sendo um grande empresário, um político importante. Fazendo o que fosse, ele estaria preocupado com o lado social. Senna cometeu atos de caridade e benevolência que ninguém ficou sabendo. Ele aparelhou hospitais infantis e nunca falou. Eu estou falando isso agora. Ele foi o embrião do Instituto Ayrton Senna, tão bem conduzido pela irmã Viviane e pela sobrinha Bianca. Se ele hoje estivesse aqui, tenho certeza de que estaria envolvido até a alma nesta luta contra a pandemia do coronavírus e estaria trabalhando para minorar o sofrimento dos menos favorecidos”.
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