Apesar de a pandemia de coronavírus ter confinado o Brasil dentro de casa e de ter provocado uma explosão no consumo de TV, isso provavelmente não vai resultar em nenhum lucro para as emissoras.
Pelo contrário. Segundo esta coluna apurou junto a fontes nas TVs, os anunciantes estão já há 20 dias "puxando o freio" e cada vez menos propensos a investir em publicidade, uma vez que o comércio diário está praticamente suspenso em boa parte do país.
Emissoras como Band, RedeTV e TV Gazeta são as maiores afetadas pela pandemia.
O motivo é que uma de suas principais fontes de renda são as ações de "merchandising" e os chamados "testemunhais".
RedeTV, Band e Gazeta
Na RedeTV, programas como "Tricotando", "A Tarde é Sua" e "TV Fama" estão vendo os anunciantes desaparecerem. No caso do primeiro, segundo a coluna apurou, a queda de ações de merchan" já chega a 70%.
Os outros dois também viram o interesse de anunciantes cair pela metade.
No caso do "Tricotando" a situação é mais triste porque o formato, apesar da pouca audiência (no máximo 1 ponto), se tornou interessante para muitas empresas e prestadores de serviço.
No ano passado, a apresentadora Lígia Mendes chegou a ficar em 6º lugar ranking de celebridades que mais faziam ações comerciais no país, à frente inclusive de Gisele Bundchen.
Na Band ocorre o mesmo com o "Melhor da Tarde", de Cátia Fonseca. Embora tenha apenas 51 anos, nenhum problema de saúde e não faça grupo de risco, a emissora optou em deixar Cátia gravando de casa.
A medida dificulta bastante a gravação de "merchans", que envolve muitas pessoas entrando e saindo. De qualquer forma alguns anunciantes fiéis do "Melhor da Tarde" também preferiram dar um tempo nas ações até terem uma melhor ideia do que irá ocorrer.
Já a paulistana TV Gazeta é quem está em situação mais delicada.
Apesar de ter ampliado o espaço dos "merchans" e ter criado novas opções ao mercado, o anunciante está fugindo.
Dentro da programação regular, o carro-chefe de faturamento da emissora, o veterano "Mulheres", viu seu faturamento minguar com o afastamento (a pedido) de Regina Volpato, 52 anos.
Logo que a pandemia chegou de fato ao Brasil, no mês passado, Regina se sentiu mal e pediu à direção da Gazeta para ser afastada.
Com ela, foram-se a maioria das ações publicitárias do programa. A substituta, Regiane Tápias, 41, que apresentava o "Revista da Cidade" (suspenso) nas manhãs, não consegue o mesmo resultado de Volpato na faixa vespertina. Compreensível.
A Gazeta ainda tem uma outra fonte de receitas, o veterano "Gazeta Shopping" —uma enorme faixa horária dedicada só à venda dos mais diversos produtos e serviços.
O "Gazeta Shopping" se tornou hoje a principal receita da Gazeta. Ele teve seu horário até ampliado neste período de confinamento.
No entanto, ali também os anunciantes estão cada vez mais ausentes.
A luta da direção do Comercial da Gazeta no momento é para atrair para o "GZ" novas empresas anunciantes que façam vendas por meio de Whatsapp e disque-entregas, por exemplo.
No entanto, esse setor —o de entregas a domicílio— também já está extremamente sobrecarregado pelo comércio ainda ativo.
Além disso, com um vírus mortal nas ruas, já não há tantos interessados nesse tipo de trabalho. E a previsão é que isso se agrave ainda mais nas próximas semanas com o acirramento do contágio.
Outros programas em outras emissoras, como o "Hoje em Dia" (Record) e o "Fofocalizando" (SBT), que ainda estão sendo exibidos ao vivo, também estão tendo uma fuga impressionante de anúncios por causa da doença. A globo já está sendo cobrada por seus patrocinadores, que querem uma parte do valor pago de volta.
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