A remuneração do Grupo Globo aos clubes do Campeonato Brasileiro pelas partidas transmitidas via streaming, por meio do aplicativo Premiere Play, têm sido alvo de contestações de dirigentes.
O consenso entre cartolas de sete clubes da Série A ouvidos pela Folha é que a exibição na internet deve se tornar fundamental para o caixa nos próximos anos, com a adesão de um número maior de assinantes.
Esse assunto também integra um processo do Flamengo contra o Grupo Globo, iniciado em janeiro deste ano, na 36ª Vara Cível do Rio de Janeiro.
Os rubro-negros se queixam, no processo, de que a Globo desconta um percentual supostamente indevido no valor que o clube teria a receber. Isso também acontece com outras equipes consultadas pela reportagem, mas apenas o atual campeão nacional acionou a Justiça.
No modelo apresentado pela emissora, os pagamentos pelo serviço da internet são diferentes do pay-per-view pela TV. Neste, os clubes têm direito a 38% do total bruto arrecadado com a venda da assinaturas, e o dinheiro é dividido de acordo com a pesquisa de torcedores assinantes do serviço, realizada pela Globo. Quem tem mais torcida fica com uma fatia maior.
A fórmula para o aplicativo é diferente. A Globo se comprometeu inicialmente a pagar aos clubes 50% da receita líquida do serviço, como está registrado no processo do Flamengo.
As agremiações esperavam que a empresa descontasse 10% de imposto, mas foram retirados também outros 10% do imposto pelo repasse das imagens entre dois braços do grupo, da Globosat para a Globo, e 20% de repasse de custos com a transmissão.
A estimativa do Flamengo é que, com os descontos, o clube tenha direito a receber metade do que esperava em relação ao valor total arrecadado pela emissora.
Para os dirigentes rubro-negros, a Globo explicou estar repassando o lucro da operação, não o líquido.
“Ao apresentar planilha de apuração do que seriam as receitas líquidas sobre os serviços em questão, a ré [Globo] realizou descontos que não se limitam a impostos, tendo elas incluído no cálculo despesas com comissões pagas a empresas do grupo e custos diversos com a operação", diz o processo iniciado pelo clube.
Procurada pela Folha, a emissora afirma que cumpre o que foi estabelecido no documento: "Globo e clubes dividem as receitas das vendas do Premiere Play, depois de abatidos os custos do produto, tal como previsto no contrato. É um modelo justo e aceito por todos os clubes".
A empresa cobra R$ 79,90 mensais pelo pacote de streaming com a maior parte dos jogos do Campeonato Brasileiro (o Athletico não tem contrato para exibir suas partidas nessa plataforma).
Apesar de a Globo não divulgar sua base de clientes, os clubes ouvidos pela reportagem acreditam que todo o serviço de pay-per-view, considerando TV e internet, configuram um mercado de aproximadamente R$ 2 bilhões anuais.
No material de divulgação que enviou às agências de propaganda, a Globo avaliou que sua plataforma de transmissão, junto com os acessos aos jogos pelo site GloboEsporte.com, recebe 10,6 milhões de visitantes únicos por mês.
Postar um comentário
Deixe seu comentário