Por:Henrique Julião
Principal afetada pelo derretimento da base de TV por assinatura brasileira nos últimos anos, a tecnologia DTH (transmissão via satélite) tem dividido as operadoras de telecomunicações do ponto de vista da estratégia. Enquanto Vivo e Algar Telecom não escondem que a tecnologia já está sendo relegada para um segundo plano, as líderes de mercado Claro Brasil e Sky defendem suas bases legadas e acreditam que o modelo ainda tem muito a entregar.
"Escuto há muito tempo que o DTH vai acabar, mas na realidade 53% da base em maio ainda era da tecnologia. Está certo que era 57% em janeiro de 2017, mas entre as adições em maio, 55% foi DTH", afirmou o vice-presidente de vendas, operações e logística da Sky, Sérgio Ribeiro, durante o primeiro dia do Pay-TV Forum 2019, iniciado nesta terça-feira, 30, em São Paulo.
"Em áreas de grande densidade populacional será muito difícil a competição para DTH, mas em um país como Brasil, se você tem a forma correta de trabalhar, sem dúvida a tecnologia tem muito para dar [em regiões com menor densidade]", completou Ribeiro. Para o executivo, uma grande oportunidade nesse sentido são as residências que ainda recebem sinal de TV via parabólicas em banda C – e que poderiam contabilizar 20 milhões, conforme avaliação da Sky.
Vice-presidente da estratégia da Claro Brasil, Rodrigo Marques seguiu linha similar de valorização do serviço direct to home. "Não temos estratégia de desacelerar o DTH. Há regiões e nichos onde ainda é melhor estratégia para atender". Ainda assim, o executivo lembra que a tecnologia foi bastante afetada recentemente – sobretudo por estar mais associada ao cliente da classe C, que perdeu poder de compra durante a crise econômica. Segundo Marques, é possível que o DTH demore para se "revigorar" e alcançar os mesmos patamares de 2014.
Concomitantemente, o grupo líder no mercado de TV paga também aposta na infraestrutura de fibra até o cliente (FTTH), com 50 cidades já cobertas pelo serviço neste ano. "A gente quer oferecer o serviço com a tecnologia mais adequada para o cliente", pontuou o VP de estratégia da Claro Brasil.
No caso da Vivo, o foco atual na TV por assinatura já é "100% no IPTV", afirmou a diretora de transformação e experiência do cliente da Telefônica Brasil, Maria Claudia Ornellas. "A maior parte da nossa base já vem daí, com churn 50% menor e ARPU [gasto médio por usuário] 20% maior, então é essa a tecnologia. Com o avanço da fibra, a gente imagina que todo crescimento virá sim do IPTV".
Posição semelhante foi defendida pelo diretor de negócios de varejo da Algar Telecom, Márcio de Jesus. "Como temos as três formas de prestar o serviço [DTH, cabo e fibra], isso nos permite uma visão bem específica. Hoje o grande drive é a experiência do cliente, e as tecnologias legadas de cinco anos não atendem mais os padrões de consumo OTT, o que reflete na TV linear. A nossa solução de IPTV é o que mais atende. Temos rede legada de cabo e parceria para serviços de DTH, mas começamos IPTV e a leitura é que satisfação é muito superior".
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