Se as grandes festas estão cada vez mais raras no país, Amaury Jr., 68, decidiu que ele mesmo vai começar a promover os eventos. "Vamos fazer nós. Tenho uma boa tradição nesse negócio. Vou organizar e ganhar dinheiro também. E fazer com que essas festas virem conteúdo para o meu programa", afirma o apresentador em entrevista à Folha de S.Paulo.
"Acho que está faltando um pouco para as pessoas comemorarem. Comemorar o quê? Comemorar a vida, dinheiro ninguém tem mesmo", completa.
A primeira delas acontece neste domingo (19), na Casa Fares, em São Paulo, quando ele promove a sua nova atração na RedeTV!. Na verdade, é um retorno à emissora, na qual ficou por 15 anos e saiu em 2018 para uma temporada de um ano na Band.
O novo programa Amaury Jr., que estreia na próxima sexta (24), segue a mesma proposta dos anteriores: mostrar "o melhor da vida". Para o apresentador, isso significa viagens, entrevistas com celebridades e, claro, as festas. "As pessoas me criticam, você não pode fazer isso, fazer aquilo. Cara, eu quero mostrar o que sobrou de alegria do país. Todo o mundo no Brasil que tem dinheiro parece que ganhou ilicitamente."
Para o primeiro programa, além de mostrar o evento que promove neste domingo (19), Amaury Jr. também vai acompanhar o casamento do influenciador digital Carlinhos Maia com Lucas Guimarães, que acontece na próxima terça (21), em Alagoas. "Todo o mundo quer ver esse casamento", diz.
O apresentador conta que entrou "um pouco atrasado" nas redes sociais, mas está indo bem -no Instagram, ele tem hoje 168 mil seguidores. Amaury afirma que atualmente os "colunáveis" têm seus próprios canais em que falam diretamente com os seus seguidores. "Não está sobrando muito para gente. O que sobra é a nossa credibilidade, a nossa tradição de dizer o que é legal e o que não é nessa área. A gente falando, avalizando e, ao mesmo tempo, enaltecendo, acho que isso ainda permanece."
Em quase 40 anos de carreira, Amaury Jr. já entrevistou diversas personalidades entre políticos, artistas nacionais e internacionais como Céline Dion e João Gilberto -a conversa com o músico, conhecido por sua reclusão, é o seu maior orgulho.
No final deste mês, ele já tem uma entrevista marcada com o ator espanhol Antonio Banderas. Mas o grande desejo para este ano é entrevistar o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. "A mulher de Bolsonaro me interessa mais do que ele. Bolsonaro dá entrevista para todo mundo, mas eu quero fazer a minha definitiva, com as curiosidades que eu tenho. E quero a primeira-dama, acho ela uma figura interessantíssima, emblemática, e que pouco fala."
Ele lembra que já entrevistou "todos que estão presos" pela Operação Lava Jato e ainda o interessa conversar com o ex-presidente Lula, detido desde o ano passado, em Curitiba. "Querer entrevistar o Lula ou Bolsonaro não é facção política, você tem que agir publicamente de uma forma isenta. O jornalismo não pode falar nem time de futebol, porque fica comprometido, tem que ficar isento. É assim que eu ajo."
Apesar disso, ele declarou o voto em Bolsonaro nas eleições passadas. "Isso eu falei". Questionado sobre como avalia os primeiros meses de governo, Amaury diz que ainda é muito cedo para qualquer análise, mas acha bacana o político voltar atrás em algumas decisões que toma -sem dar exemplos.
"O pior é o sujeito que toma uma iniciativa e não volta atrás. Ele está querendo acertar desesperadamente, alguém tem dúvida de que ele está querendo acertar? Ninguém tem. Precisava mudar? Precisava mudar. Dava para ficar como estava? Não dava vai."
O apresentador se diz "absolutamente favorável" à reforma da Previdência. "Tem que fazer, a matemática tá ali. Eu tenho quatro netos, pô, estudando aqui no Brasil, quero saber o que os espera. Para mim já não estou mais nem aí, nem para os meus filhos, mas para os meus netos, eu quero um puta país maravilhoso. E a gente é", afirma Amaury, que tem passado alguns meses do ano em Orlando, onde desenvolve um projeto para TV voltado para os brasileiros locais.
PROGRAMA SEMANAL
Um dos motivos de Amaury Jr. deixar a Band, em janeiro deste ano, foi o fato de a emissora querer que ele fizesse um programa diário. Para o apresentador, porém, isso funcionava quando o Brasil vivia um momento econômico melhor, de grande euforia. "Hoje, essa euforia está arrefecida, nem tem mais grandes festas [...] A vantagem de fazer um programa semanal é que você apura muito mais."
Outro motivo é que, desta forma, ele consegue se dedicar também ao canal CBTV (Canal Brazil), do qual é sócio e que está sediado em Orlando. Amaury Jr, conta que o canal vai mudar de nome e formato em julho. Passará a se chamar BraziTV. "É um canal feito em língua portuguesa para brasileiros, e que está disponível em muitas plataformas, que vão torná-lo internacional."
Neste começo, no programa da RedeTV!, o apresentador diz que pretende "dar conta do recado". Inicialmente, vão trabalhar com ele nas reportagens os jornalistas Bruno Meier e Iza Stein.
"Vamos devagar com o andor, a situação não está fácil. Quando eu sai da Band, mandei todo mundo embora daqui [da sua produtora], porque não sabia quanto tempo ia ficar fora do ar. Demorou uma semana e o Almicare [Dallevo Jr, dono da RedeTV!], me ligou convidando para ir para a emissora. Aí comecei a trazer todo o mundo de volta."
Cerca de 30 pessoas trabalham com ele, que é o produtor de seus programas, o que significa, que arca com todos os custos da atração. Para bancar isso, Amaury Jr. conta com recursos de patrocinadores.
CAROLINE BITTENCOURT
Amaury Jr. também comentou sobre a morte, em um acidente de barco no fim de abril, da modelo e apresentadora Caroline Bittencourt, que trabalhou com ele por quatro anos. "Era uma menina aplicada, linda, inteligente, rápida no gatilho e que só acrescentava."
O apresentador lembra que a presença da modelo era disputada nas coberturas. "Tinha uma disputa. O pessoal ligava, vai inaugurar um hotel, eu quero a Caroline na cobertura. Era legal isso, a gente dava risada."
Ele diz também que pensava em chamá-la para ter um quadro em seu novo programa, agora na RedeTV!. "Nem vou falar porque parece que é oportunismo, mas pensei em trazê-la de volta, agora nessa temporada. Estava pensando que ela poderia fazer um quadro ligado à moda, ao culto ao corpo. Lamentei muito a sua morte", diz.
Questionado sobre as famosas viagens, uma das suas marcas, ele afirma que uma já está praticamente certa: é Israel. Será a primeira vez que o apresentador vai mostrar o país no seu programa. Outra coisa que ele garante que não vai mudar são as músicas que já o consagraram: "Nice and Slow", conhecida como "ÔÔÔ", e "Keep It Comin' Love".
O novo programa será apresentado às sextas, a partir da meia-noite, com duração de pouco mais de duas horas podendo se estender até três horas.
ZERO HORA
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