A TV Globo pressiona a emissora goiana para elevar a audiência. Há um problema local. Mas não resulta apenas de equívocos da Anhanguera
Executivos da TV Globo, como Amauri Soares, diretor da Central Globo de Programação — e ex-marido da apresentadora Patrícia Poeta —, estiveram em Goiânia para discutir com diretores da TV Anhanguera a queda da audiência da Vênus Platinada no Estado de Goiás. Medidas estão sendo adotadas para tentar reverter o quadro.
Apesar das críticas feitas pela cúpula global, a equipe da emissora goiana é, na média, competente. Com ajustes, aqui e ali, a audiência pode subir um pouco mais. Mas a queda de audiência da rede da família Marinho ocorre em praticamente todo o país. O motivo básico não é a baixa qualidade das programações locais, e sim que o interesse do público está mais diluído. Há mais coisas para ver — seja na Netflix, seja em outros canais pagos e mesmo na internet (espécie de enciclopédia de tudo e muito mais). Na verdade, a Globo quer estabilizar sua audiência em determinado patamar, um pouco acima das demais redes. Mas elevar a audiência, em níveis do passado recente, não há mais como.
As emissoras locais não podem ser transformadas em bodes expiatórios de uma crise que não é só delas. É também, talvez sobretudo, da Globo. Porque o modelo da rede ficou velho e, se ainda funciona e com alta lucratividade, não mais funcionará como antes. Observe-se que o padrão globo de qualidade — uma virtude imensa — eventualmente tem sido deixado de lado numa tentativa de competir com redes que aderiram ao sensacionalismo desmedido. Uma saída talvez seja ampliar a qualidade e aceitar uma audiência menor. E se o faturamento cair? Vai cair de qualquer maneira.
Num primeiro momento, a Globo pode pressionar as emissoras locais, como vem fazendo. Talvez chegue a pressionar para que determinados grupos passem o negócio adiante — se não conseguirem levantar a audiência. Mas o problema não será resolvido, certamente, e, mais pra frente, a própria Globo — que teria adotado um programa de cortes de custos — talvez tenha de ser vendida (ou aceitar as regras do novo jogo). Porque as emissoras, como a Anhanguera, são microcosmos de um problema mais geral: não se terá mais audiências gigantes, exceto pontualmente, na televisão patropi.
Na sexta-feira, 8, circulou a informação de que um grupo empresarial do Ceará está disposto a comprar a TV Anhanguera. O Jornal Opção ouviu uma pessoa que se diz integrante da família (curiosamente, o prefixo de seu telefone refere-se a Pernambuco, e não ao Ceará). Ela afirma que a conversa é “embrionária” — “não quero gerar desconforto entre as partes” (a Globo supostamente estaria intermediando a aquisição) — e depende de auditoria. Acrescentou que pode ser uma aquisição-solo, e não exatamente do grupo cearense.
JORNAL OPÇÃO
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