Conmebol rejeita pedido do Grêmio, mantém River na final da Libertadores e pune Gallardo


Classificado dentro do campo, o River Plate está confirmado na final da Libertadores contra o rival Boca Juniors. Neste sábado, a Conmebol rejeitou o pedido do Grêmio nos tribunais e manteve o resultado do jogo de volta da semifinal, vencido pelos argentinos por 2 a 1. O técnico Marcello Gallardo foi punido com suspensão nas próximas três partidas – em uma delas, não poderá ir sequer ao estádio –, além de multa de US$ 50 mil.

O time gaúcho fez uma reclamação formal à Conmebol para que fosse declarado o vencedor da partida por 3 a 0, o que lhe garantiria na decisão. A alegação foi o descumprimento da punição imposta ao técnico argentino no jogo da última terça-feira, na Arena. Suspenso, Gallardo assistiu ao jogo de uma cabine, mas desceu ao vestiário do River no intervalo da partida. Além disso, manteve comunicação direta com o banco de reservas no gramado.

O recurso foi julgado em audiência nesta sexta-feira na sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai. A sessão, inicialmente marcada para a tarde de sábado, foi antecipada, para surpresa dos dirigentes gremistas. O clube precisou organizar uma força-tarefa na última hora para conseguir um avião particular e viajar ao Paraguai pela manhã. Os membros do Tribunal Disciplinar da Conmebol voltaram a se reunir na manhã deste sábado para tomar a decisão.

Nosso compromisso com o torcedor do Grêmio é fazer o melhor pelo Grêmio, isso temos a certeza que fizemos – disse o diretor jurídico do Grêmio, Nestor Hein, ainda antes de o resultado ser anunciado.

A Conmebol já havia sinalizado que não aceitaria a denúncia do clube gaúcho ao comunicar a mudança de datas das finais. As duas partidas da decisão estavam previstas para os dias 7 e 28 de novembro, duas quartas-feiras. Mas uma reunião do G-20 em Buenos Aires fez as autoridades argentinas pedirem a mudança das datas para os dias 10 e 24 (dois sábados).

Na véspera da decisão da Conmebol, Marcelo Gallardo concedeu entrevista coletiva em Buenos Aires. O técnico do River disse que burlou a suspensão da Conmebol movido "por impulso", mas que não vê argumentos para tirar a classificação do seu time para a final.

Como foi o julgamento

A audiência no Tribunal Disciplinar da Conmebol iniciou às 11h de sexta-feira e durou cerca de duas horas e meia. Além de Hein, representaram o Grêmio os advogados Leonardo Lamachia, Henrique Pinto, Jorge Petersen e o uruguaio Fernando Sosa, contratado pelo clube. O CEO Carlos Amodeo também esteve presente. O River Plate enviou suas alegações por escrito, mas poderia participar da sessão por videoconferência.

Após as alegações do Grêmio, os membros do Tribunal de Penas da Conmebol ouviram o depoimento do delegado da partida na Arena, Oscar Astudillo. A estratégia usada pelo clube gaúcho para conseguir a reversão do resultado foi tentar responsabilizar o River pelas ações de Gallardo. O argumento, baseado nos artigos 19, 56 e 76 do Código Disciplinar da Conmebol, era de que o treinador influiu diretamente na partida, mesmo estando suspenso.

Foi uma audiência longa, com oitiva com testemunhas, provas visuais, de áudio, documentais, considerações sobre a defesa do River que colocou pontos de jurisprudência que não diziam respeito ao que se discutia aqui. Temos certeza que fizemos o trabalho que nos competia fazer – disse Nestor Hein.

Dos cinco membros do Tribunal Disciplinar, apenas três particiaram da audiência: Eduardo Gross Brown (Paraguai), Amarílis Belisario (Venezuela) e Cristóbal Valdez (Chile). O primeiro presencialmente, e os demais por videoconferência. Antônio Carlos Meccia (Brasil) e Diego Pirota (Argentina) não participam por representarem os países envolvidos no processo.

Após ouvirem as alegações do Grêmio e a defesa do River, eles se reuniram durante a tarde de sexta para discutir o assunto. Na manhã deste sábado, Brown retomou os trabalhos a partir de seu escritório, já que a sede da Conmebol estava fechada. A demora para o anúncio do resultado gerou expectativa entre os gremistas.

O Grêmio ainda pode recorrer da decisão ao Tribunal de Apelação da Conmebol. Mas o clube diz que vai acatar o resultado se não tiver reais chances de vencer.

– Temos o recurso que pode ser interposto em 24 horas, com pedido de efeito suspensivo do campeonato. Se os argumentos são bons, o Grêmio aceita a vitória e a derrota, procura ser um clube em uma linha de razoabilidade. Não vamos ficar arrastando uma situação e dando esperanças apenas para manter algo aceso. Se tivermos condições reais de vencer, prosseguiremos. Se não tivermos, pararemos por aqui e vamos aceitar – afirmou Hein.

GLOBO ESPORTE

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