Por:Mariana Toledo
No dia 14 de outubro, às 22h, a HBO estreia a terceira e última temporada da série brasileira "Magnífica 70", produção original da HBO Latin America. A trama dos novos episódios começa com os quatro "magníficos" separados. Dora (Simone Spoladore) está em busca de vingança por ter sido escrava sexual do Homem Perigoso. Já Isabel (Maria Luísa Mendonça) vive na clandestinidade e luta para que as mulheres assumam o poder. Enquanto isso, Manolo (Adriano Garib) encontra uma jovem aspirante a atriz que sofre abusos do pai. Por fim, cada vez mais delirante, Vicente (Marcos Winter) está decidido a controlar toda a produção cultural do país e criar seu próprio filme.
"A escolha por um formato que tivesse três temporadas foi para dar a história uma divisão de começo, meio e fim. É uma forma clássica de dividir a narrativa. Além disso, não queríamos deixar a trama esmaecer, e sim terminá-la no auge.", declarou, em coletiva de imprensa realizada em São Paulo nesta quarta, 03/10, o diretor da série Cláudio Torres. Na ocasião, Torres relembrou o início do projeto, há seis anos. "Era uma ideia totalmente louca e a HBO embarcou nisso com a gente, permitindo levar essa loucura ao limite. Eu diria que é uma série estranha, que não se parece com nada que já exista. Ela não se comporta de forma novelesca.", disse.
Ambientada no Brasil dos anos 70, a série exigiu um trabalho de reconstituição de época por parte da direção de arte e também do roteiro, que precisou levar em conta palavras e expressões usadas no período. A fotografia, segundo Torres, é propositalmente "meio podre", de forma a causar nos espectadores a sensação de ser de fato uma produção de filme mais antiga. Imagens compradas de arquivo completam essa transposição de época. Na nova temporada, acontecimentos históricos reais são mencionados de forma "antecipada". "A gente brinca como se coisas que de fato aconteceram na História do país tivessem sido inventadas pelos personagens da série.", explicou.
O diretor falou ainda sobre o fato da série, que fala bastante de política, estar sendo lançada justamente em um período no qual o assunto é pauta no Brasil. "Não foi golpe de marketing.", brincou Torres. "Quando começamos a escrever essa história, seis anos atrás, era impensável que temas como ditadura e liberdade de expressão voltassem à tona agora. Infelizmente, isso aconteceu. Pra mim, censuras adoecem uma nação. E a série prova isso fazendo um elogio ao pensamento de liberdade.", opinou. "E isso é feito de forma natural, sem juízo de valor. Ali, ninguém é poupado e a série também não toma partido. O ser humano é falho e, por isso, mostramos todos os lados dos personagens.", continuou.
Avaliando a produção seriada no Brasil, Cláudio é otimista em relação ao futuro do segmento e enxerga que, dentro dele, nossos trunfos são a nova geração de roteiristas que está se formando já familiarizada com o meio, isto é, "acostumada a escrever arcos longos e histórias que se derivam em várias temporadas", e nossos atores, capazes de compor elencos fortes. "Acredito que o streaming ensinou o público a assistir mais não só séries brasileiras, como também de outros países, como Alemanha, França, Bélgica, Argentina, obras faladas em idiomas que não sejam o inglês.", pontuou. "Hoje, quem gosta de um episódio no meio de uma temporada que viu por acaso na televisão vai até a plataforma e assiste a produção desde o começo. Os produtos deixam de ser descartáveis.", completou.
Para ele, quanto mais particular for a história, no sentido de ser diferente do que já existe, maiores as chances da produção viajar. No caso de "Magnífica 70", ela registra bons resultados de crítica e audiência fora do Brasil – recebeu críticas positivas do "The Guardian", por exemplo – especialmente na Inglaterra e na Itália, onde está sendo exibida atualmente. Sobre o assunto, Roberto Rios, vice-presidente corporativo de Produções Originais da HBO Latin America, declarou: "Na HBO, qualquer coisa que a gente faça tem efeito globalizante. Nós produzimos as séries aqui dentro pensando nesse elemento particular de cada uma e, no caminho, aparecem gratas surpresas, como essas críticas internacionais. Não fazemos séries para ganhar prêmios, e sim para impactar as pessoas, que querem uma experiência genuína. Estamos sempre em busca do que é genuíno, autêntico e original.".
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