O último debate transmitido pela televisão entre candidatos ao governo do Rio de Janeiro, antes do primeiro turno, diminuiu a audiência média da emissora, no caso a TV Globo. Exibido terça-feira (2), das 22h05 às 00h47, no Rio de Janeiro, a atração registrou 25 pontos, com índice de 44% de participação da audiência. A média da Globo nessa faixa de horário é de 27 pontos, quando as atrações são parte da novela das nove (Segundo Sol), The Voice (que terminou na semana passada) e uma parte do Jornal da Globo.
O número, porém, foi superior ao mesmo tipo de programa, quando reuniu candidatos ao governo do Rio de Janeiro no último pleito, em 2014, também antes do primeiro turno. Naquela época, o debate exibido no dia 30 de setembro registrou 21 pontos, o que pode ser interpretado como um aumento do interesse, este ano, por parte do público em conhecer os candidatos.
No final, os candidatos responderam perguntas dos jornalistas que acompanharam o debate da emissora, por cinco minutos. Participar dessas entrevistas coletivas separadamente fazia parte das regras estabelecidas entre a produção da atração e a assessoria dos candidatos. Romário (Podemos) foi o único que não concedeu entrevista, cuja ordem para a realização foi definida por sorteio.
Primeiro a encontrar os jornalistas, Pedro Fernandes (PDT) negou que o fato de ele e Eduardo Paes (DEM) chamarem um ao outro, mais de uma vez, para troca de perguntas, durante o debate, tenha sido um “ensaio” para uma possível aliança no segundo turno. Ele descartou a possibilidade de aceitar um cargo em um eventual governo Paes:
“Se não for a vontade da população que eu seja governador do Rio de Janeiro, não penso em dar continuidade a esse trabalho na política. Minha esposa já fez um apelo para que eu saia da política, até para termos mais privacidade”, afirmou ele.
Na sua opinião, candidatos que “respeitam as regras” do debate acabaram “punidos” por terem tido menos tempo de exposição em relação aos que se dedicam a “ofender uns aos outros”.
Terceiro na ordem das entrevistas, Eduardo Paes afirmou que buscou escolher Fernandes para debater por acreditar que o candidato do PDT “não descamba para a baixaria”, sendo “o único que apresenta propostas com mais consistências desde o primeiro debate”.
"Tenho a convicção de que as pessoas têm mais interesse em proposta do que em baixaria, por mais que seja mais divertido, às vezes, ver a baixaria”, disse o candidato do DEM.
No debate, Paes arrancou risos da plateia, formada por convidados dos candidatos, ao dizer que lançará um “manifesto” onde firmará compromisso de que Indio da Costa (PSD) não fará parte de um seu eventual governo. Segundo ele, Tarcísio Motta já é um signatário do manifesto:
“Concordamos em alguma coisa, finalmente”, comentou Paes em relação ao candidato do PSOL que, no debate, afirmou que o apelido do candidato do DEM, em delação da Lava Jato é “nervosinho”. “Ninguém nunca me chamou de nervosinho na minha frente porque eu ficaria bem nervosinho”, brincou.
Quinto a atender os jornalistas, Tarcisio considerou “vitoriosa” sua estratégia de mostrar que Paes tem se mantido neutro no debate em nível presidencial e que, em nível estadual, ele tem a “mesma prática do (Sérgio) Cabral”:
“O alcance desse debate é enorme. Foi a primeira chance que tive de perguntar diretamente para o Paes sobre a delação que fala sobre uma conta no exterior que seria dele. Era importante informar para a população sobre isso, informar que foi o PSOL que sempre denunciou os esquemas da máfia do Rio. Mostrar que Eduardo é a continuidade do (governador Luiz Fernando) Pezão era nosso objetivo, a coisa mais importante que a gente tinha a fazer nesse momento”.
Marcia Tiburi (PT) se queixou do “baixo nível dos candidatos”, em especial de Eduardo Paes:
“Dizer que eu gosto de presidiário foi de uma grosseria, de uma estupidez. Isso fica na conta dele, que é mais um grosso que não tem condições de lidar com uma professora, uma mulher. Não estamos aqui para sermos fracas”, afirmou. “Esses candidatos não têm estilo, são mentirosos. Entendo quando o povo fica chateado com políticos porque essas pessoas não representam o povo”.
Ela descartou uma possível aliança do seu partido com o MDB, em nível nacional, ser repetida em um eventual governo seu no Rio de Janeiro. Segundo ela, “acabou a fase adolescente” do PT de “andar em más companhias”: “Faria a tão sonhada união das esquerdas no meu governo. Seria um sonho”, disse Marcia.
Wilson Witzel (PSC) admitiu que seu embate com Indio da Costa foi para “disputar o voto conservador”. “A minha ideologia sempre foi de direita. O Indio a gente já conhece, vai conforme possa tirar proveito lá na frente”, disse.
Witzel afirmou que sua estratégia para o debate foi “mostrar para a população” os candidatos que respondem a processos porque “o Rio não pode ter mais um governador na mira da Justiça por mais quatro anos”.
Última a dar entrevista, Indio da Costa afirmou que sua subida nas pesquisas não se deve ao fato de ter atrelado seu nome ao do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL). Segundo ele, foi um “processo natural”, conforme a campanha foi sendo feita. Na sua opinião, com a saída de Anthony Garotinho (PRP) da disputa por ter tido sua candidatura impugnada pelo TSE, há chances ainda maiores de seguir para o segundo turno:
“Ninguém sabe para onde vai os votos que iriam para Garotinho”, afirmou da Indio, dizendo que “não quer ser secretário de ninguém”, em referência ao “manifesto” de Paes.
“A única acusação que eles têm contra mim é de ter trabalhado pelo Rio de Janeiro onde eu não roubei, prestei muito serviço e não deixei ninguém roubar, diferente deles", afirmou.
JORNAL DO BRASIL
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