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O Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino teve início na semana passada sem nenhuma placa publicitária nas laterais dos gramados e sem exibição na TV. Patrocinadora única em todas as edições do torneio até aqui, a Caixa Econômica Federal decidiu não renovar o aporte de R$ 10 milhões, destinado à agência Sport Promotion, dona dos direitos sobre a competição e responsável por organizá-la. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), porém, não deverá deixar a parceira no prejuízo e vai se responsabilizar pelos custos. Como a geração de imagens era financiada pelo dinheiro do patrocínio, por enquanto não há previsão de transmissão dos jogos. As informações são do UOL Esporte (Blog Olhar Olímpico), por Demétrio Vecchiolli.
Esta é a sexta edição do Campeonato Brasileiro Feminino de Futebol. Em 2013, partiu do Ministério do Esporte a proposta de organizá-lo. Recém-empossado secretário nacional de futebol, Toninho Nascimento levou a oferta até Marco Polo del Nero em São Paulo, logo após o carnaval. Era o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff e a Caixa recebeu a responsabilidade de garantir financeiramente a competição, dando visibilidade e valorizando o futebol feminino.
Quase 90 dias depois de receber a garantia que o governo, por intermédio da Caixa, financiaria o torneio, o então presidente da CBF, José Maria Marin, assinou uma outorga concedendo à Sport Promotion os direitos exclusivos de produzir, promover e comercializar as propriedades dos campeonatos de 2013, 2014 e 2015. Depois, essa outorga foi renovada por outras duas edições. Em cinco anos, a Caixa repassou R$ 50 milhões à Sport Promotion, que também monetizou o torneio com venda de direitos de transmissão, inclusive para a TV Brasil, do governo federal. A CBF sempre defendeu que não tem interesse em receber recursos públicos, que assim chegavam ao torneio por intermédio da agência parceira.
Nas prestações de contas da agência à Caixa, observa-se que, nos três primeiros anos, a Sport Promotion só precisou prestar contas de 55% do que recebia, apresentando especialmente notas fiscais de contratação de agências de viagem, mas também ajudas de custo de até R$ 10 mil por clube por partida e contratação de serviços de produção de imagem e transporte de placas publicitárias. Nos dois campeonatos seguintes, a única exigência era demonstrar que as contrapartidas do contrato foram entregues, com o logo da Caixa nas camisas dos times e nas placas de publicidade (10 por jogo), além de exibição de partidas ao vivo na TV fechada.
Em 2018, porém, o futebol feminino não faz parte do planejamento estratégico do banco, que optou por não assinar novo contrato de patrocínio com a agência, embora tenha admitido que estuda uma nova proposta feita “recentemente”. A falta de atualização no valor de R$ 10 milhões ao ano vinha incomodando a agência, que pedia um aumento. A CBF e Sport Promotion não divulgam detalhes do contrato entre elas, alegando se tratar de uma relação entre duas empresas privadas, mas ambas confirmam que continua válido o contrato no qual a agência é apontada como responsável pelos custos do torneio.
O próprio regulamento do torneio de 2018 deixa isso claro quando aponta que, para reembolso, os clubes e federações devem apresentar suas notas fiscais “à empresa Sport Promotion, agência operadora da competição, após analise da CBF”. Sem detalhar quem paga a conta, o regulamento garante aos clubes passagens rodoviárias até distâncias de 500 km e passagens aéreas para além disso, sempre para delegações de até 25 pessoas, além de cobertura das despesas de alimentação e hospedagem para os times visitantes. Por jogo, o visitante receberá R$ 5 mil em ajuda de custo e o mandante R$ 10 mil.
Sem patrocínio, a Sport Promotion teria que bancar a competição com recursos próprios, o que não vai acontecer. Após uma série de reuniões, ficou decidido que a CBF vai arcar com esses custos, não só da primeira divisão, mas também da segunda. Questionada sobre suas responsabilidades sobre o torneio, a Sport Promotion apenas disse em nota que o campeonato “está sendo realizado no mesmo formato do ano passado”.
Por enquanto, também não há previsão de transmissão em TV aberta ou fechada. Até o ano passado, cabia à Sport Promotion a produção e cessão de imagens do campeonato, uma vez que fazia parte do acordo com a Caixa a exibição de um número mínimo de partidas.
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