Segundo pesquisas, a maioria dos brasileiros não se interessa por futebol. Dos que acompanham de perto, a maior parte prefere assistir ao jogo de seu clube ao da seleção.
Porém, na Copa do Mundo, grande número dos que não estão nem aí para o futebol assiste às partidas e torce pelo Brasil.
Até os corruptos, que roubam o dinheiro público, vibram com a seleção, enrolados à bandeira nacional.
Muitos acham que a Copa está fria, já que faltam menos de 20 dias para a bola rolar. Ainda é cedo.
Por outro lado, como o Brasil vive uma grande instabilidade, é ano de eleição, e, todos os dias, há notícias de uma nova prisão, de um novo corrupto e de muita violência, muitos ficarão divididos entre a Copa e os noticiários político e policial.
No Mundial, aumenta também o número de comentaristas, nas ruas, nos botequins, nos programas esportivos, nas transmissões das partidas e em todos os tipos de mídia. Alguns, apenas porque são famosos.
Ainda bem que existe o controle remoto. Outros, mesmo que não trabalhem no futebol, vão enriquecer as análises e discussões, pois, além de acompanharem e entenderem, não são viciados no futebolês, nos clichês e nos lugares-comuns.
Na Copa, vou escrever de minha casa. Poderei ver todas as partidas, e não apenas as do Brasil, além de acompanhar os noticiários. Como todo ouvinte, leitor e telespectador, seleciono o que quero.
Se, diariamente, nos programas esportivos, dão enorme importância a muitas coisas que não têm nenhuma importância, imagine no Mundial.
Aumenta também, na Copa, o número de comentários prontos. Bastou o Corinthians perder, para dizerem que faltou o centroavante. Se o time não for bem nos próximos jogos, está pronto o comentário de que o novo e jovem treinador Osmar Loss segue o modelo de Carille, mas não é um bom gestor.
Neste período de Copa, proliferam os comerciais com personagens da seleção. Há até de empresa farmacêutica. Os garotos-propaganda são, quase sempre, Tite e Neymar. No início, era interessante, mas, agora, acho uma chatice os sermões do profeta Tite. Gosto mais do treinador.
Continuo na dúvida se Tite vai escalar uma equipe no primeiro jogo e mantê-la, se tudo correr bem, ou se vai usar duas formações táticas, como ocorreu nos amistosos contra a Rússia e a Alemanha.
Uma, na primeira fase, contra equipes inferiores e retrancadas, com Coutinho pelo centro, e outra, contra adversários fortes, nos jogos mata-mata, com Fernandinho ou Renato Augusto, ao lado de Casemiro e de Paulinho. Coutinho passaria a atuar pela direita, no lugar de Willian.
Poderemos analisar e prever os detalhes técnicos e táticos das seleções na Copa, mas, certamente, haverá imprevistos.
Acaso não é sorte nem mistério. São fatos comuns, mas que não sabemos onde ou quando vão ocorrer. O acaso não torce.
Em um instante, um grave erro da arbitragem, uma expulsão, uma bola perdida e desviada, uma dor de cotovelo, um pensamento triste, mudam a história do jogo e do campeonato.
Será que, no futuro —se é que já não existem—, computadores vão calcular, estatisticamente, as chances de um imprevisto acontecer, como Neymar, diante do goleiro, furar e perder o gol, Alisson tomar um frangaço, Danilo driblar vários jogadores e fazer um gol de placa, Taison marcar o gol do título e tantos outros acasos?
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