A estudante Alana Oliveira, concludente do curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) foi selecionada para uma semana de imersão na redação do programa Profissão Repórter, da TV Globo. Ela participou de mais uma edição do Globo Lab Profissão Repórter, que selecionou as 10 duplas realizadoras das melhores reportagens experimentais do país.
Alana documentou, através de pesquisa nas áreas periféricas de Fortaleza, situações de graves violações de direitos básicos sobre as quais a juventude, especialmente pobre e negra, está submetida.
Em março deste ano, a equipe do Profissão Repórter esteve na Uniforpara ministrar palestra sobre a rotina de trabalho no programa e mostrar como a condução das matérias é fundamental para contar uma boa história e, na oportunidade, lançou a seleção. Quem participou das palestras recebeu o desafio de produzir uma reportagem em vídeo para o Globo Lab. Os autores das 10 reportagens selecionadas vão participar de uma semana de imersão na Globo, em São Paulo, e cocriar com Caco Barcellos e equipe. Ao todo, 2.500 jovens participaram das oficinas do Globo Lab Profissão Repórter, realizadas em 11 cidades do Brasil.
Caco Barcellos ligou para todos os selecionados anunciando a escolha para a oficina. Alana relata que se sentiu honrada em receber a ligação do jornalista que comanda o programa. “É uma memória carinhosa receber a ligação de Caco elogiando uma linha de trabalho que eu acredito muito, e que é feito com muita luta. Assim como ele, também venho de uma realidade pobre e a questão da injustiça social é, de maneira orgânica e sensível, algo que combato com tudo que tenho”, afirma.
Abordagem humanitária
O documentário curta-metragem produzido por Alana com a assistência técnica de Everton Lucas faz parte de um trabalho que ela já vinha realizando há alguns anos nas comunidades mais vulneráveis à violência na cidade de Fortaleza, buscando dar visibilidade à perspectiva do jovem cearense que, segundo a Unicef, é o que mais morre no Brasil. Diante da sua proximidade com a problemática e pelas redes de afeto construídas nesses lugares, Alana se sentiu naturalmente inclinada a encontrar maneiras de dar espaço aos depoimentos que denunciam essas questões.
Quando perguntada sobre as dificuldades enfrentadas para a realização da reportagem, Alana relembra que as barreiras foram muitas. “Os acessos a essas regiões são tão delicados quanto a disposição dessas pessoas em falar, devido ao medo. Optei por fazer as captações sozinha de maneira que eu pudesse garantir sua segurança e a relação de intimidade com a fonte, por isso, eu atravessei o lugar de documentar e reportar para o de sentir junto com eles a mesma tensão, me esquivando, por exemplo, de ser pisoteada após um estampido de tiro”, conclui.
Sobre a aluna
Alana Maria Oliveira Sousa é documentarista, escritora e repórter com enfoque voltado às perspectivas humanas. Busca, sobretudo, sublinhar iniciativas de transformações propulsoras e revelar lacunas sociais a partir do indivíduo, num ponto de partida antropológico. É idealizadora voluntária do Projeto Alteia, que promove oficinas de audiovisual em escolas indígenas. Trabalhou como produtora de filmes para as ONGs americanas The Ground Truth e Climate Reality, acompanhando a problemática do Zika Vírus sobre a relação mães∕filhos e a resistência do povo Munduruku frente à construção da Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós. Integrou o Geração Futura 2017 com a peça colaborativa Ilimitados, narrativas que subvertem o conceito de deficiência pela oportunidade lúdica circense. Dirigiu para Janelas de Inovação, série do Canal Futura, o curta-metragem Kanindé, uma imersão na jornada cotidiana desta comunidade indígena na busca de perpetuar memória, cultura e direitos elementares pelos alicerces de uma educação conectada.
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