As operadoras de TV por assinatura perderam 1,914 milhão de contratos (ou 9,68% do mercado) desde que a base do serviço começou a recuar, há três anos. Mais da metade da redução (1,081 milhão) foi registrada nos doze meses encerrados em março de 2018.
Durante o primeiro trimestre, a TV paga perdeu pouco mais de 122 mil contratos, totalizando 17,851 milhões de assinantes. Das desconexões, apenas 972 foram registradas no terceiro mês do ano.
O número relativamente baixo (janeiro somou 9,2 mil cancelamentos e fevereiro, 112,5 mil) é visto como parte “dos primeiros sinais de recuperação” do mercado, de acordo com posicionamento emitido pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) ao DCI.
“Há espaço para crescer, pois o serviço é desejado pelos brasileiros. Prova disso pode ser vista na audiência, que está crescendo. A queda [registrada desde 2015] foi por conta da crise. Com a recuperação da economia, a base deve voltar a crescer”, sinalizou o comunicado da entidade.
O “efeito crise” também foi citado pelo analista da consultoria Ovum, Ari Lopes, afetando sobretudo a classe C e, por consequência, os contratos de televisão via satélite (DTH). Quando considerados os estados, Amapá (30,5%), Pernambuco (23,5%), Alagoas (22,2%) e Rondônia (20,7%) passaram pelo maior derretimento em termos percentuais desde março de 2015.
Em São Paulo, a redução em três anos foi de 10,4% – ou 780,7 mil acessos. O Rio de Janeiro perdeu 235 mil clientes desde março de 2015 (-8,8); o Paraná, 157 mil (-16%); a Bahia, 116 mil (-17,1%); já em Minas Gerais, a queda foi de 110 mil desde 2015 (-6,7%).
Competição
“Ainda há outros motivos [para a queda], como a expansão de serviços como o Netflix”, sugeriu Lopes. De acordo com ele, o surgimento no Brasil de novas plataformas de vídeo sob demanda e a iminente criação de ferramentas próprias por grandes grupos de mídia como a Disney deve “ampliar a ameaça para as operadoras”.
Por outro lado, o especialista lembra que operadores de TV paga estrangeiros já enxergam “oportunidade de lançar seus próprios serviços sob demanda, em tendência que é muito forte”. Tal caminho já foi trilhado pela operadora norte-americana DirecTV.
No Brasil, alguns dos principais players do segmento já oferecem plataformas de vídeo sob demanda, mas sempre vinculadas à assinatura mensal da TV fechada. Para Lopes, é pouco provável que um movimento mais arrojado (como a possibilidade de contratar os dois serviços de forma separada) ocorra no País.
Dos mais de 17,8 milhões de contratos ativos no Brasil, 79,9% pertence às líderes de mercado NET (50,2%) e Sky (29,6%). A primeira perdeu 765,8 mil clientes em 12 meses até março; já a segunda, 289 mil. Vale lembrar que a Sky tem apostado na modalidade pré-paga do serviço. “Boa parte dos novos acessos dela foi por conta da estratégia, mas no pré-pago é mais fácil cancelar” observou Ari Lopes.
No mesmo intervalo, apenas a Oi (175 mil novos acessos) e Algar (menos de mil) cresceram. Já no mês de março, Oi, Sky e Telefônica (Vivo TV) experimentaram aumentos na base, enquanto o grupo Claro Brasil (que reúne NET e Claro TV) registrou queda.
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