A Netflix está disposta a renunciar de sua tradicional e exclusiva estratégia de distribuição via sua plataforma de streaming para surfar na onda da polêmica envolvendo o seriado O Mecanismo, de José Padilha. De acordo com informações do UOL, a gigante do streaming está negociando com canais de TV por assinatura para que o thriller político estrelado por Selton Mello também seja exibido fora de sua própria plataforma - seguindo, portanto, o precedente estabelecido por House of Cards, transmitido pelo Paramount Channel no Brasil desde março do ano passado.
Mesmo que o acordo seja concretizado, no entanto, a possível exibição de O Mecanismonas telinhas ainda deve demorar para acontecer. O intuito é lançar o suspense que dramatiza os bastidores das investigações da Operação Lava Jato, considerada como uma das maiores jornadas de combate à corrupção da história política mundial, no mês de novembro, após a realização das eleições presidenciais de outubro. Assim, a Netflix evitaria quaisquer problemas caso O Mecanismo viesse a ser criticada por influenciar diretamente no resultado da próxima disputa eleitoral e ainda conseguiria capitalizar com a comercialização dos direitos de exibição da série.
Epicentro de uma enorme controvérsia - ressaltada pela nossa crítica da primeira temporada -, O Mecanismo arregimentou uma verdadeira legião de detratores, que não aprovaram a escolha criativa de Padilha por retirar frases - a polêmica "Estancar a sangria", entre outras - de um infame áudio vazado da conversa entre Sérgio Machado e o senador Romero Jucá (MDB) e colocá-la como uma citação direta do ex-presidente Lula (PT); o ex-ministro do governo Michel Temer (MDB) e o líder do Partido dos Trabalhadores são inimigos políticos declarados e ocupam espectros totalmente diversos do conturbado cenário de Brasília, o que incomodou os setores da esquerda nacional. Assinantes do serviço da Netflix chegaram a planejar um boicote generalizado aos serviços da companhia de streaming por causa do diálogo, enquanto o criador do seriado foi duramente criticado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que acusou O Mecanismo de "propagar fake news e assassinar reputações".
Padilha rebateu as avaliações negativas e taxou o descontentamento generalizado como "sem importância"; o cineasta de Tropa de Elite também assinou um editorial na Folha de São Paulo defendendo seu seriado e afirmando que a polêmica gerada em torno da série só favorece o "mecanismo" - ou seja, a corrupção sistêmica - que a mesma deseja denunciar. Maiores informações sobre a transmissão de O Mecanismo fora da plataforma da Netflix ainda não foram divulgadas.
Na Boa... é um puta seriado, só acho que deveria usar os nomes reais dos personagens. Para com essa putaria de nome fictícios! Todos nós sabemos quem são os bandidos e mocinhos!
ResponderExcluirEspero que haja uma segunda temporada. O mecanismo, deve dividir opiniões. O motivo é que, nos dias de hoje, tudo no Brasil que se relaciona a política tende a polarizar e a produção retrata os desdobramentos da operação Lava-Jato no Brasil, ação da Polícia Federal que denunciou um esquema de corrupção envolvendo políticos e empreiteiros. Apesar disso, o diretor e produtor-executivo, gosta de ressaltar que a série está fora de ideologias. A série estabelece uma boa narrativa e consegue prender o espectador. A promessa é de ainda mais agilidade, pelo menos foi o que garantiu o diretor Daniel Rezende (Bingo), que comandou o set nos dois últimos episódios. Apesar de não ser um protagonista óbvio e ter mais ar de vilão, Enrique Diaz é o grande destaque da série. Com uma bela atuação, ele entrega um Ibrahim ao mesmo tempo cínico, empático e até engraçado. O núcleo do personagem é o alívio cômico da série, que tem um ar de seriedade, afinal de contas, retrata um tema bastante sério para a história do país. Não tem jeito é quase impossível não comparar O mecanismo com Narcos e Tropa de elite 1 e 2, todos projetos de José Padilha — o que não é ruim se você é fã (como eu) dessas produções. Os motivos são o estilo narrativo escolhido pelo diretor — com uma narração a cada episódio — e também pela mensagem que ele quer passar sobre a política no Brasil, que ele mesmo explicou em entrevista à imprensa: “que só tem bandido, resumindo”.
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