Os números não mentem, diz o ditado, e com a audiência da TV paga não é diferente.
Pois os números do primeiro trimestre de 2018 mostram o tamanho da hegemonia do Grupo Globo nessa mídia específica, a TV por assinatura.
4 dos 5; ou 9 dos 10; ou 45 dos 50 ou 92 dos 100 programas mais vistos na TV paga brasileira são da Globosat ou feitos em parceria com ela (como os programas Telecine, por exemplo).
Idem para nove dos dez conteúdos mais vistos no horário nobre: todos pertencem à divisão de programas por assinatura da Globo.
O domínio pode até assustar, mas é mais que merecido (leia mais abaixo).
O isolamento dos programas Globosat como líderes se dá em outras análises baseadas nos números oficiais da Kantar Ibope Media: dos 20 filmes de maior audiência vistos na TV paga em 2018, 17 foram exibidos em programas Globosat.
No esporte, dos 20 jogos de futebol mais assistidos, 15 também foram exibidos pelos programas do grupo Globo.
Essa hegemonia acachapante mostra apenas a diferença entre a gestão e visão de de longo prazo do grupo da família Marinho e as demais emissoras de TV e grupos de mídia nacionais.
Vinte cinco anos atrás a Globo foi contra a maré, contra a crise, e investiu pesado (e praticamente sozinha) na TV por assinatura nacional, ciente de que ela se desenvolveria. Bingo.
É verdade que a emissora abriu tanto a torneira de investimentos que chegou a ameaçar sua própria saúde financeira como um todo (entre o final do século passado e o início deste).
Mesmo assim, os resultados provam que a Globosat se tornou um case de sucesso, aliás, a segunda maior fonte de receitas do Grupo Globo, só atrás da própria TV aberta.
Além dos sucessos SporTV, Multishow, nos últimos anos a Globo investiu em canais de alta qualidade (como o Bis), além de outros que se tornaram “blockbusters”, como o Viva e o infantil Gloob, sem falar da GloboNews --que sempre está no top 10 quando o noticiário é grave.
Das demais emissoras, a Band da família Saad é a única que fez algum investimento na TV por assinatura nos últimos anos.
A SIMBA
Record, SBT e RedeTV se uniram cerca de três anos atrás para criar a joint-venture Simba.
Uma das “razões” da criação da Simba seria a empresa passar a defender os interesses das três TVs abertas e investir na criação de conteúdo --parte dele destinado à TV paga.
Porém, não há nenhum plano formal, nem sequer um indício de que a Simba criará ou lançará novos canais no curto e médio prazos. Talvez nem mesmo no longo.
Mesmo assim as três “irmãs” de joint-venture ainda teriam de tirar o atraso de duas décadas e meia de conteúdo Globosat.
Dado o desinteresse de Record, SBT e RedeTV pela TV paga, é possível se perguntar se um dia isso de fato irá ocorrer.
Esta coluna informou incorretamente que 45 dos 50 canais mais vistos pertencem a Globosat, na verdade são 30 dos 50 canais.
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