Um estudo feito pela empresa de auditoria Deloitte mostra que a TV convencional está perdendo público para o streaming a uma velocidade impressionante. Segundo o levantamento, o norte-americano já dedica a conteúdos da Netflix, Amazon e Hulu duas horas e nove minutos por dia, ou 39% das cinco horas e meia que passa diante do televisor.
Isso quer dizer que, pelo menos nos Estados Unidos, o telespectador dá quase a mesma importância ao streaming do que às poderosas TVs aberta e paga juntas, o que já se reflete no faturamento das empresas.
Segundo a Deloitte, Netflix, Amazon e Hulu faturam atualmente US$ 2,1 bilhões (ou R$ 6,9 bilhões) por mês. Em um mês e meio, elas arrecadam nos Estados Unidos praticamente o mesmo que a Globo em um ano inteiro com publicidade no Brasil.
O estudo revela que 55% das casas dos EUA já assinam pelo menos um serviço de streaming. Em muitas delas, a TV por assinatura só está presente porque faz parte de um pacote que inclui internet de alta velocidade: 56% dos entrevistados disseram que só continuam clientes de operadoras a cabo para terem acesso a um serviço de streaming que não trava.
No outro lado dessa balança, a TV paga vê o seu público em fuga. A penetração do serviço nos EUA caiu de 74% (registrado em 2016) para 63% no ano passado. Em outras palavras, de cada 100 domicílios, 63 têm TV por assinatura atualmente; há dois anos, eram 74.
A insatisfação com o custo-benefício da TV paga foi lembrada por 70% dos entrevistados. Eles reclamam que pagam mensalidades altas em troca de poucas opções realmente úteis.
O binge watching, ou maratonas televisivas, é a nova moda entre os jovens, confirma a pesquisa da Deloitte. Os chamados millennials, faixa da população entre 21 e 34 anos, assistem em média a sete episódios em uma única sentada, e 42% deles dizem que fazem maratonas no sofá toda semana.
Essa geração também já passa mais tempo no streaming (19 horas por semana) do que na TV tradicional (15 horas semanais).
Netflix, Hulu e Amazon sabem muito bem que seu público aumenta a cada dia e investem pesado em seus catálogos. A Netflix até exagera ao desembolsar US$ 8 bilhões (R$ 26,4 bilhões) para colocar no ar 700 programas neste ano.
Já a rival Amazon fez uma bela limpeza ao cancelar inúmeras séries. Agora, se concentra no desenvolvimento de grandes produções. Ela comprou os direitos de adaptação para a TV de uma trama inspirada no clássico literário O Senhor dos Anéis. A produção bilionária promete ser a série mais cara de todos os tempos.
No meio de tantas atrações, os clientes recebem qualidade. O Globo de Ouro deste ano premiou pela primeira vez na história duas séries de streaming nas principais categorias: The Handmaid's Tale (melhor drama), da Hulu, e The Marvelous Mrs. Maisel (melhor comédia), da Amazon.
A pesquisa da Deloitte é anual e está na 12ª edição. Foram ouvidos 2.088 norte-americanos no último mês de novembro.
Medidas desesperadas
A migração de telespectadores para o streaming faz o sinal de alerta soar nas redes de TV aberta. No contra-ataque, elas planejam diminuir o número de comerciais no horário nobre
A NBC pretende cortar em 20% o número de comerciais exibidos em seus principais programas. Em uma postura mais ousada, a Fox estabeleceu como meta ter apenas dois minutos de propaganda por hora daqui a dois anos.
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