Nesta segunda-feira(13), às 22h, a faixa É Tudo Verdade, apresentada por Amir Labaki no Canal Brasil, exibe o documentário "Intolerância. doc". Com direção e roteiro de Susanna Lira, o filme aborda casos de intolerância que envolvem crimes de ódio, cometidos por preconceitos de raça, religião, etnia, nacionalidade e orientação sexual.
O Brasil é um dos líderes mundiais no número de ocorrências dos chamados crimes de ódio, delitos cometidos por preconceitos de raça, religião, etnia, nacionalidade e orientação sexual. O estado de São Paulo é o local que registra a maior quantidade de ocorrências, assinalando a triste estatística de uma infração por hora. A diretora Susanna Lira foi às ruas da maior e mais violenta cidade do país para recuperar a memória de três casos que chocaram a nação, mostrando a barbárie promovida por torcidas organizadas de times de futebol, gangues de skinheads em confrontos contra grupos antifascistas e a intolerância à diversidade sexual contra LGBTs neste documentário exibido como parte da programação do Festival do Rio em 2016.
O primeiro ato do roteiro – também de autoria da cineasta – aborda um problema centenário e sistêmico de uma prática bárbara ligada a maior paixão do esporte nacional: as brigas entre torcidas de times rivais. A direção escolhe a tradicional rusga entre a Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel, organizadas de Palmeiras e Corinthians, respectivamente, para mostrar como a raiva entre as agremiações é levada às últimas consequências pelos fãs. Os relatos em tom de perfeita naturalidade demonstram como a animosidade entre os clubes escala rapidamente a emboscadas, socos e pontapés, resultando, diversas vezes, em mortes para membros de ambos os lados. Apesar da quantidade de óbitos e feridos, nenhum dos entrevistados manifesta remorso ou vontade de colocar um ponto final a esses trágicos relatos.
Casos de ódio contra LGBTs também ganham destaque na narrativa do documentário, mostrando como homossexuais são agredidos de diversas formas, desde ataques de intolerância verbal, passando pela dificuldade de inserção no mercado de trabalho por preconceitos e culminando nas frequentes ofensivas à integridade física. Ao adentrar a cena punk underground da capital paulista, o filme mostra como a música, que poderia unir, é utilizada como pano de fundo para confrontos entre gangues de skinheads, grupos que flertam com a filosofia nazista de supremacia branca e de orientação política conservadora, e bandos antifascistas, radicalmente opostos a estes ideais. Concedendo voz a todos, o documentário mostra como o país regride a passos largos quando faz do conflito um substituto frequente para o diálogo.
BLUP
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