Data da postagem:20/04/2017
Conteúdos com resolução 4K devem continuar limitada aos provedores de conteúdo over-the-top (OTT) no Brasil por algum tempo. Na estratégia de programadoras, emissoras de TV e operadoras de TV paga, a dificuldade na distribuição do vídeo em Ultra HD é um dos principais gargalos, sobretudo em tempo de crise. Durante evento do NexTV, que aconteceu em São Paulo nesta quarta, 19, o diretor de tecnologia do Telecine, Guilherme Saraiva, disse que o Ultra HD (4K) não está no radar em um futuro próximo. "Em curto prazo, o Telecine não tem plano de 4K nem em streaming, nem em linear", afirmou. "Mas 2018 é uma história nova, e não foi planejado ainda. Temos interesse, mas o custo parece um pouco alto para a audiência que a gente vai ter", completa.
Saraiva afirma que mais de 40% da audiência dos canais em resolução HD da empresa já estão na plataforma não-linear (Now e online). "Essa audiência na verdade representa 8% a mais na audiência no pacote completo", declara. Ele argumenta que a entrega desse conteúdo on-demand é superior nas plataformas de VOD versus o streaming pela Internet. "O problema não é a qualidade de vídeo em si, mas porque a Internet não foi feita para distribuir vídeo, tem questão de buffering e start (do vídeo)", explica.
Se já não é fácil a distribuição em HD, em resoluções maiores isso é ainda mais complicado. O diretor de engenharia de TV paga da Telefônica, Fabiano Barbieri, conta que a operadora "está fazendo investimento pesado neste ano na questão de headend" para se preparar para o tráfego de 4K e multitelas. O aporte foca na expansão da rede e no monitoramento do serviço. "Boa parte da banda passa e temos que ter certeza que o que estamos entregando é o que o cliente espera".
É a mesmo sentimento da Oi, segundo o diretor de tecnologia e plataformas de serviços da Oi, Mauro Fukuda. Ele afirma que é necessário não apenas investimentos na infraestrutura, mas também no encoding. "Temos trabalhado com o codec HEVC para ter ganho, se não vai ter streaming de 30 Mbps (na resolução), e com HEVC isso se reduz pela metade", diz. Fukuda explica ainda que a Oi investe em ferramentas de recomendação de conteúdo, enriquecido com metadados.
TV aberta
As emissoras de TV aberta concordam que ainda há necessidade de estudos para encontrar o formato de distribuição ideal para o Ultra HD e do uso de cores dinâmicas (HDR), mas também que toda a produção do conteúdo já precisa ser feita nessa resolução. "O valor de uma câmera 4K e HD é a mesma coisa, mas a opção do HDR é tão impactante quanto sair do SD para HD", declara o diretor de tecnologia da TV Cultura, Gilvani Moletta. A emissora grava concertos sinfônicos na Sala São Paulo com UHD, mas ele afirma que há dificuldades com a estrutura para armazenamento da matriz e na qualificação profissional. A ideia, contudo, é produzir um conteúdo também para o futuro, quando a tecnologia estiver mais difundida.
Há ainda um longo caminho a ser percorrido para que haja um ecossistema de dispositivos suficientemente relevante para suportar a tecnologia. "A gente tem estudos de que mais de 60% dos televisores brasileiros são de tubo", destaca o gerente de plataformas digitais da Rede TV, Vitor Mardegan. "Ainda vai demorar tempo considerável para essas tecnologias chegarem a todos os lares e se tornarem rentáveis", conclui. O gerente de projetos e produtos da Record, Alessandro Malerba, pontua também que o consumo por meio de smart TV ainda é pequeno, e que o que cresce mesmo é o acesso móvel. "Hoje, com 70% vendo (vídeo em dispositivo) portátil, eu me preocuparia com o conteúdo em si", diz.
Por Bruno do Amaral
Fonte:http://convergecom.com.br/teletime/19/04/2017/distribuicao-em-4k-no-brasil-pelas-otts-por-enquanto/?noticiario=TL
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