Em entrevista no 'Bola da Vez', programa da ESPN Brasil, o experiente narrador Silvio Luiz, 82 anos, atualmente na RedeTV!, falou bastante sobre a profissão, do que gosta e do que não gosta nas transmissões esportivas na TV. E elegeu seus preferidos, segundo publicou o UOL Esporte.
"Gosto muito do Cleber (Machado), gosto muito do Galvão (Bueno), apesar de que o Galvão tá numa fase que parece só ele sabe das coisas. Galvão, po***, menos, meu filho", criticou ao falar sobre quem mais gosta entre colegas de narração.
Silvio também disse o que admira num comentarista: falar pouco. "Admirava muito o Sergio Noronha. Comentarista que fala muito dá bom dia a cavalo. Tem que observar bem e em poucas palavras (comentar), até para não atrapalhar o jogo", avaliou na atração semanal comandada por Dan Stulback e que nesta noite contou com João Palomino, narrador e chefe do canal, e Paulo Soares (o 'Amigão'), outro locutor esportivo, como entrevistados.
Questionado ali sobre o que pensa sobre ex-jogadores comentaristas, Silvio foi direto: "tenho certas restrições". E esclareceu: "o ex-jogador vê futebol de maneira diferente do comentarista (jornalista), porque teve lá dentro. O que acho injusto é ter um ex-jogador e dispensar o comentarista (jornalista), que é profissional."
"Com raríssimas exceções os ex-jogadores não procuram se aprimorar, fazer uma faculdade, aprimorar o seu vocabulário, porque se conquistar um diploma ele vai se igualar a qualquer outro comentarista e ninguém vai poder dizer nada", deu a dica.
Sobre os melhores profissionais nas reportagens, Silvio citou Eli Coimbra (já falecido), Flávio Prado (comentarista da rádio Jovem Pan e apresentador da TV Gazeta) e Luiz Ceará, este último seu colega na RedeTV!, mas tendo trabalhado com os três repórteres na carreira, sobretudo na Band.
"Eu não me considero um narrador, eu me considero um legendador de imagem", se definiu Silvio Luiz, algo que costuma dizer em entrevistas. "Porque eu pego a imagem e procuro fazer uma legenda daquilo que tá aparecendo. Não preciso dizer que a bola tá na cabeça de fulano de tal, que chutou pra lateral, porque eu acho que a imagem me ajuda, e ela me ajudando eu não tenho que dizer mais nada. Cê bota uma imagem e eu vou procurar um detalhe daquela imagem que possa chamar a sua atenção, que você não esteja vendo", explicou.
Conhecido por não gritar 'gol' em suas narrações, Silvio disse que talvez em algum momento da longa carreira tenha gritado, mas que não se lembrava. E contou por que adota a locução sem o tradicional grito comum entre seus colegas. "Não há necessidade você gritar porque todo mundo tá vendo a bola dentro do gol, o público tá gritando gol. Se a imagem tá mostrando, eu tenho que dizer quem fez", argumentou.
Outros temas abordados por Silvio Luiz na entrevista:
Narração off-tube (dentro de estúdio) e in loco no estádio
"Tubo é a mesma coisa que você gozar nas coxas. Se você está no tubo, você não sente. O cara que vai no estádio, ele vai antes, toma um café, conversa com todo mundo, anota, eu levo um binóculo. Pra ver alguma coisa e poder informar. No tubo, ou estúdio, como preferir, você recebe simplesmente o que a produção te dá e (tem mais) alguma coisa que vai coletar."
Sobre falta de respeito à memória no Brasil
"Eu acho isso uma falta de respeito. Não comigo, mas com qualquer cidadão que fez parte da história. Pode pegar um morador de rua que tem muita coisa pra contar. Mas o Brasil é um país sem memória, e por quê? Porque a palavra respeito está sendo muito pouco usada em todos os setores a atividade humana, no Brasil, que é onde vivo e posso julgar, conversar, trocar ideia. Você a falta de respeito, escolas invadidas. Se você não cultivar um pouco da história, como é que você vai contar história?"
Falar o que pensa
"O que eu falo vem de dentro de mim. Também tem uma coisa: se eu errar, tenho a humildade de pedir desculpas."
Fonte:http://www.esporteemidia.com/2016/12/tenho-certas-restricoes-diz-silvio-luiz.html
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