RIO - A Oi pretende unir suas operações com a da Sky, segunda maior operadora de TV por assinatura do país e controlada pela americana AT&T. Para isso, a tele carioca fará uma proposta de fusão com a companhia. O projeto vai andar em paralelo ao plano de recuperação judicial da concessionária, que tem dívidas de R$ 65 bilhões. A formulação da proposta será deliberada pelo Conselho de Administração da tele no mês de dezembro, de acordo com fonte que não quis se identificar.
Essa será a segunda vez que a Oi vai conversar com a gigante americana de telecomunicações. Há um ano, o banco BTG, que atuava como comissário da Oi para buscar uma consolidação no país, iniciou conversa com a AT&T, mas as negociações não evoluíram.
Desta vez, porém, a aposta é que o negócio possa ser bem-sucedido. Isso porque a AT&T comprou a Time Warner, e, devido à legislação brasileira, uma mesma companhia não pode controlar a infraestrutura e ser a provedora de conteúdo. Por isso, a AT&T terá de abrir mão do controle da Sky.
— A união da Oi com a Sky está na pauta. A solução da Oi a médio e longo prazo é a consolidação. Sempre foi — disse essa fonte ligada à companhia.
PEDIDO DE FALÊNCIA NA HOLANDA
Caso o negócio seja bem-sucedido, Oi e Sky terão 6,5 milhões de clientes de TV por assinatura, atrás apenas da América Móvil (dona de Claro, Embratel e Net), com 9,8 milhões de clientes. A partir da próxima semana, a companhia começa o processo de aprovação de seu orçamento para 2017, com uma maratona de reuniões de seus Comitês e Conselho de Administração.
Enquanto isso, os fundos abutres com títulos das empresas da Oi na Holanda (Oi Coop e Ptif) elevaram o tom contra a tele nas duas últimas semanas, ameaçando entrar com novo pedido de falência. Esse grupo é liderado pelo fundo Aurelius e é assessorado pela americana Dechert. Apesar de a Oi ter conseguido suspender o pedido de falência feito pelos credores dessas duas empresas em agosto e setembro deste ano, o temor agora é que um novo pedido possa atrapalhar o processo de recuperação judicial no Brasil. Segundo levantamento feito pelo GLOBO, a Oi Coop e a Ptif concentram R$ 22,4 bilhões das dívidas dos credores internacionais (bondholders) da Oi — 65% dos R$ 34 bilhões de dívidas de todos os bondholders.
Segundo uma fonte, os fundos abutres querem um desconto menor que os 70% oferecidos pela Oi em seu plano de recuperação judicial. Para isso, alegam que a companhia (na época, Portugal Telecom) havia oferecido garantias no caso de os papéis não serem pagos.
— Mas, como a Oi está em recuperação, não haverá calote. Assim, o que os fundos buscam é exercer essa garantia antes de o plano ser aprovado. A briga no bastidor está ganhando contornos desagradáveis. A questão é que, se esses credores receberem esse benefício, os outros credores vão questionar, pois vão exigir um tratamento igual, como Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), clientes e fornecedores — destacou uma fonte.
Na próxima terça-feira, a Oi participará de uma audiência na Câmara para falar sobre sua recuperação judicial. Procurados, Aurelius, Oi e Sky não comentaram.
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