A crise econômica pela qual passa o país provocou uma mudança drástica no perfil de quem assiste televisão. Dados obtidos com exclusividade pelo Notícias da TV revelam que, em apenas um ano, o telespectador empobreceu muito. Em todo o país, mais de 3,3 milhões de pessoas deixaram as classes A e B e migraram para a classe C de 2015 para 2016, de acordo com a Kantar Ibope. Assim, os telespectadores "emergentes" cresceram impressionantes 36%. Aumentou também o número de pessoas com mais de 50 anos e do sexo masculino na frente do televisor.
A boa notícia para as grandes redes é que há mais gente vendo TV aberta. Mas a mudança no perfil do público tende a provocar alterações na programação, e a popularização é uma tentação. Na Globo, já tem executivo preocupado em oferecer conteúdo para os homens que ficam em casa nos finais de semana.
Por mais contraditório que pareça, o televisor ganhou relevância em plena era da internet de alta velocidade e das redes sociais. Os dados da Kantar Ibope trazem as seguintes constatações:
Tem mais gente vendo TV
O número de televisores ligados na Grande São Paulo chegou a 47,2 pontos na média das 7h à meia-noite, um crescimento de 7% no primeiro semestre de 2016 em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 3,3 pontos a mais na audiência das redes em apenas um ano. É como se uma uma nova Band (2,6 pontos) e uma nova RedeTV! (0,9) entrassem no bolo da audiência. Comparada com 2012, quando a crise ainda estava longe, a diferença é de 7 pontos. Ou seja, em apenas quatro anos, a audiência da TV aberta cresceu o equivalente a quase uma Record (7,5 pontos), a segunda maior rede do país.
Com mais gente na frente do televisor, todas as emissoras apresentaram crescimento no semestre que se finda amanhã. A Globo reverteu a tendência de queda, que parecia irreversível. Está com média de 15,1 pontos, 9% a mais do que os 13,9 do primeiro semestre de 2015. A Band foi a que mais cresceu (21%); o SBT, a que menos ganhou público (5%).
Mulher assiste televisão: a população classe C na frenta da TV cresceu 36% em um ano
O telespectador ficou mais pobre
O dado mais impressionante do levantamento é o do crescimento da classe C. Há um ano, na média das 7h à meia-noite, havia 1,826 milhão de telespectadores "emergentes" vendo TV na Grande São Paulo. Neste ano, são 2,481 milhões, uma alta de 36%! Em contrapartida, os mais ricos minguaram 16%. Eram 1,691 milhão de pessoas das classes A e B vendo TV aberta em 2015, quase 300 mil a mais do que hoje (1,425 milhão). Houve aumento também na outra ponta da pirâmide social: o total de paulistanos das classes D e E na frente do televisor saltou de 446 mil para 507 mil, uma alta de 14%.
O que chama a atenção é que o crescimento da classe C no bolo de telespectadores foi bem maior do que o aumento deles na amostra do Ibope. O instituto atualizou a partipação da classe C no universo de telespectadores em que mede a audiência em cerca de 10%.
Um reflexo do aumento da classe C na frente da TV pode ser a popularização da programação. Isso aconteceu, por exemplo, em 1996, quando o Plano Real permitiu que milhões de brasileiros comprassem televisores. Uma das imagens daquela popularização foi o chamado sushi erótico servido no Domingão do Faustão...
Dados do Ibope revelam que homens, na crise, estão ficando mais tempo vendo televisão
Mais homem na frente da TV
As mulheres continuam dando as cartas no controle remoto, mas, com a crise, há mais homens em casa, vendo TV. Eles eram 1,721 milhão no primeiro semestre do ano passado. Neste ano, são 1,935 milhão. Cresceram 12%, um ponto percentual a mais do que as mulheres, que já são 2,478 milhões sintonizadas na Grande São Paulo _lembrando sempre que essa é a média das 7h às 24h, que no horário de pico elas são muito, muito mais do que isso.
Um efeito dessa masculinização da TV pode ser a oferta de mais conteúdo para machos. Numa solução simplória, que tal mulheres seminuas nas novelas?
O telespectador envelheceu
Um dado preocupante, e que não tem a ver somente com a crise: o público da TV aberta está envelhecendo. Todos os perfis de audiência acima de 18 anos cresceram dois dígitos do ano passado para cá. A maior alta foi entre as pessoas com mais de 50 anos. Elas já são 1,612 milhão, 16% a mais do que no ano passado e 60% a mais do que o segundo maior público da TV aberta, o dos que têm entre 35 e 49 anos: 1,028 milhão na Grande São Paulo (12% maior do que em 2015). Já os telespectadores de 4 a 11 ignoraram a TV aberta e continuaram vendo canais infantis na TV por assinatura e vídeos na internet. Entre os adolescentes (12 a 17 anos), a alta foi de 5%, bem abaixo da média.
Original: http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/audiencia-empobrece-e-envelhece-audiencia-e-preocupa-emissoras-11771#ixzz4DAPDi24W
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