Muitos se perguntam a razão da Globo ser líder de audiência do país de maneira absoluta e incontestável. Além de ser o canal de televisão mais completo, reunindo eventos esportivos, telenovelas, seriados, jornalismo e filmes, a Globo também tem outra vantagem: não esgota as fórmulas de seus sucessos até a última gota.
Só neste século XXI, há vários exemplos de concorrentes da Globo que caíram na armadilha de usar e abusar de grandes sucessos. O que antes era uma ameaça à emissora carioca, passou a deixar de ser pela ânsia de suas rivais em promoverem programas que caíram, a príncipio, nas graças do público.
O mais recente caso é o do "MasterChef", da Band, que estreou sua terceira temporada há três meses, em março. Nesta terceira edição, a atração começou com 21 participantes.
Claro, o "MasterChef" tem sido o grande carro-chefe da Band há quase dois anos. É um programa perfeito para qualquer dono de TV: reúne audiência, faturamento e repercussão.
No entanto, o excesso de uso dentro da grade de programação pode limitar ainda mais seu prazo de validade.
Há 15 anos
Um dos mestres na arte de desgastar formatos é o SBT. Em 2001, Silvio Santos parou o Brasil com sua "Casa dos Artistas", que se transformou numa verdadeira mania nacional.
A primeira edição foi um fenômeno, desbancando o até então imbatível "Fantástico", mas não conseguiu sobreviver por muito tempo.
Terminando em dezembro, a segunda edição teve início já em fevereiro de 2002. Silvio Santos encheu a casa de postulantes ao prêmio. Por conta da falta de conflitos, ironizava dizendo que aquilo não era "acampamento de escoteiros", e mudava as regras a seu bel-prazer, sempre ressaltando: "a regra é não ter regras".
Com mudanças e intervenções diretas, a "Casa dos Artistas" teve sua imagem arranhada e logo deixou de ser um bicho papão para a Globo, que viu sua liderança aos domingos retornar.
Outro exemplo emblemático é o do "Show do Milhão", lançado em novembro de 1999. Com chamadas misteriosas como "os 22 dias estão chegando", o game caiu nas graças do telespectador rapidamente, abalando a audiência diária da Globo.
De segunda a sexta-feira, o "Show do Milhão" era transmitido depois do "Programa do Ratinho" com grande audiência.
O problema é que, devido ao sucesso, Silvio Santos esgotou um programa que poderia ter durado mais. O plano era de que o "Show" (em 1999, ainda "Jogo do Milhão) fosse ao ar em quatro temporadas de 22 dias durante o ano.
O estrondoso sucesso fez com que o dono do SBT tornasse o "Show do Milhão" fixo na grade de programação, às quartas, quintas e domingos. Rapidamente, a audiência caiu, até sair do ar em 2004 dando um dígito no Ibope. Retornou em 2009, sequer com a mesma "pompa".
Mais recentemente, "Carrossel" sofreu o mesmo, mas ainda é rentável. Dias depois de sua exibição original, em 2013, começou a ser reprisada às 18h30. Não deu certo, mas "prometeu" retornar um ano depois. Voltou em 2015 e continua no ar.
A Record também não foge à regra.
Quando suas novelas fizeram sucesso, como "Prova de Amor", a emissora não relutou em tirar o quanto pode. "Caminhos do Coração", sucesso entre 2007 e 2008, ganhou uma continuação: "Os Mutantes".
"A Fazenda", que estreou em 2009, provou que realties de confinamento ainda poderiam durar e render um belo caldo. Devido ao sucesso, a Record "colou" uma edição na outra, e em 2012 fez até uma versão "alternativa", com anônimos. Não deu certo.
Grande sucesso dramatúrgico da Record, nos últimos anos "Os Dez Mandamentos" também teve seu desgaste. Esticamento, "nova temporada", filme, peça de teatro e até uma segunda versão nos cinemas.
Já a Globo...
Enquanto as concorrentes da Globo não se preocupam a longo prazo com produtos que façam sucessos, ela pensa diferente.
Não é à toa que o "Big Brother Brasil" caminha para sua 17ª temporada, sendo altamente rentável, conquistando boa audiência e mobilizando o público. Em outra emissora, certamente o reality mais assistido do país não teria tanta vida útil.
Maior sucesso dos últimos anos, a novela "Totalmente Demais", embora tenha sido esticada, nem de perto sofreu desgaste parecido com o que sofreria nas concorrentes.
Talvez a escassez de produzir grandes sucessos capazes de mexer com o telespectador façam com que outras redes não pensem no futuro.
Aproveitam enquanto podem, já que não sabe quando virá outro acerto de tal magnitude. Mas este comportamento imediatista se reflete no panorama geral e, por essas e outras, nas últimas décadas, a Globo não foi realmente ameaçada.
Fonte: NaTelinha
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