Em comunicado oficial, Globo e Band anunciaram o término de uma parceria vigente desde 2007 para transmissões de futebol no Brasil. A emissora paulista alegou questões financeiras, abriu mão de sublicenciar a exibição dos jogos a partir desta temporada e colocou a cúpula do canal carioca em busca de um novo parceiro/concorrente.
De acordo com o UOL Esporte, por Eduardo Ohata, Guilherme Costa, Luis Augusto Simon, Pedro Ivo Almeida, Ricardo Perrone, Rodrigo Mattos e Rogério Jovanelli, a Globo precisa dividir com outro canal o conteúdo que poderia ter com exclusividade na televisão aberta, primeiro por questão contratual.
Concorrências por direitos de mídia,de competições são definidas por uma série de questões que considera aspectos como valores e espaço na grade. Para fechar com entidades como Fifa e Uefa, por exemplo, a Globo precisou se comprometer a exibir em rede aberta uma determinada quantidade de eventos.Portanto, ela precisa de um parceiro para desovar conteúdos que não gostaria de encaixar em sua grade.
Sem a Band, teria de optar entre encontrar um novo destino para esses eventos ou exibir jogos que dão menos retorno do que outros produtos não-esportivos – partidas de futebol de base, futebol feminino e fases preliminares de torneios como a Liga dos Campeões da Uefa, por exemplo.
Outro aspecto é a promoção. Segundo o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, órgão que regula mercados e combate monopólio em âmbito nacional), a Globo não é obrigada a repassar os direitos do Campeonato Brasileiro. Contudo, parceiros de transmissão aumentam o espaço do torneio na TV aberta – não apenas com exibição de jogos, mas com jornalismo, análise e similares. Isso fomenta o consumo daquele conteúdo, e um número maior de pessoas vendo futebol tende a ampliar também a audiência da emissora líder.
O contrato da Globo com os clubes que disputam o Campeonato Brasileiro vai até a temporada 2018. Horas depois de o desfecho da parceria com a Band ter sido anunciado, RedeTV! e TV Brasil procuraram a emissora carioca para fazer uma consulta sobre o futuro.
No caso da RedeTV!, a Globo entende que o canal não tem hoje a estrutura adequada para exibir o Campeonato Brasileiro. Um avanço na negociação dependeria fundamentalmente do potencial de investimento do canal paulista, portanto. A TV Brasil já exibe a Série C do certame nacional e vinha se preparando para aumentar o aporte no futebol, mas hoje vive cenário de incerteza por causa da conjuntura política – o canal é público e se mantém com verba do governo federal.
Para outras emissoras de rede aberta, os impeditivos são diferentes. O SBT teria de abrir espaço para o futebol em horários que hoje são voltados a outro tipo de público, por exemplo. A Record, que foi parceira da Globo antes da Band, já disse que considera inviável o modelo vigente.
A Bandeirantes paga atualmente uma cota de U$ 50 milhões para a Globo (cerca de R$ 175 milhões). Para bancar isso, precisa amealhar ao menos R$ 250 milhões entre anunciantes – o valor não considera sequer os custos de produção e operação. A emissora paulista vive um momento financeiro conturbado, e a decisão de cortar a parceria tem a ver com isso.
A busca da Globo por um novo parceiro também dependerá fundamentalmente do mercado publicitário. O atual período do ano já é naturalmente uma fase em que canais tateiam o ambiente em busca de anunciantes, e o surgimento de um novo interessado pelo futebol dependerá das reações de quem pode pagar a conta.
Nesse aspecto, aliás, pesa outro ponto sobre a decisão da Band. O canal anunciou o fim das transmissões do futebol, mas ainda não oficializou o quanto o esporte vai perder espaço em sua grade. Se mantiver os programas voltados ao tema, portanto, pode continuar brigando por anunciantes interessados no segmento.
O anúncio do término da parceria com a Globo instaurou clima de tensão entre funcionários da Bandeirantes. Existe expectativa de corte para os próximos meses – depois da Eurocopa deste ano, provavelmente. A emissora já havia perdido a Série B do Campeonato Brasileiro para a RedeTV! e já havia deixado de exibir em 2016 a Copa do Brasil.
O custo de operação da Globo para transmitir futebol não é divulgado oficialmente, mas a emissora diz que desembolsa R$ 1,5 bilhão anual apenas com o Campeonato Brasileiro. São seis anunciantes (Ambev, Banco Itaú, BRF, Casas Bahia, Johnson & Johnson e Vivo), e cada um deles desembolsou R$ 245,7 milhões pelo pacote futebol em 2016. O valor inclui todos os eventos da modalidade que o canal exibe.
Procurada, a Globo respondeu: “Tudo que temos a dizer está no comunicado”, em referência à nota de terça-feira.
Fonte: Esporte e Mídia
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