Aos dez anos, Woohoo mira o mercado internacional



O canal Woohoo completa dez anos neste mês de maio. O canal foi a evolução natural de uma parceria mais longa, de quase 40 anos, de Antônio Ricardo e Ricardo Bocão, que no final dos anos 1970 formaram a revista Realce, sobre cultura jovem e esportes radicias. Ainda no início dos 1980, estrearam em televisão, com o programa também chamado "Realce". A trajetória levou à produção de programas para o canal SporTV nos anos 1990 e, após conquistar um espaço de 4 horas semanal na grade do canal de esportes da Globosat, acabou levando à criação de um canal. Dez anos após sua criação, entre os planos, está a exportação do canal voltado para a geração Y e com conteúdo focado em cultura jovem e esportes de ação, além de buscar uma melhor rentabilização do canal com publicidade e a estreia em HD nos line ups das operadoras.
Um dos criadores, Antônio Ricardo diz que a ideia de criar o canal veio em 2000, mas levou seis anos para encontrar um investidor. "Primeiro, procuramos a Globosat, que já era nossa parceira. A prioridade seria com eles", conta. Outro grande grupo de mídia também foi cogitado: a Abril, quando estava lançando uma série de canais de TV por assinatura para empacotar com a MTV.
O parceiro surgiu com a Aurora Ventures, que segue sócia do canal. A DirecTV, bem como a NeoTV, ajudaram a viabilizar o lançamento e, seis meses depois, a Turner se juntou como parceira na comercialização, tanto na área de afiliadas, quanto de publicidade. Após oito anos, para poder se enquadrar como canal nacional nas cotas impostas pela Lei do SeAC, o Woohoo deixou a parceria com o grupo estrangeiro.
Comercial
Para os dois criadores do canal, Antônio Ricardo e Ricardo Bocão, um dos maiores desafios foi estruturar áreas comerciais para venda do canal junto às operadoras e para o mercado publicitário depois de contar com a estrutura do porte de uma multinacional como a Turner. As áreas foram estruturadas por Carol Vargas, responsável por afiliadas, e Claudio Prado, que assumiu as vendas para as agências. "Acabou que andou", brinca Antônio Ricardo.


"Os canais qualificados independentes não tem muita publicidade, apesar da base grande. Uma equipe que vende um canal só, fica em dificuldades", diz Antônio Ricardo.

Segundo ele, a comercialização em bloco com a Turner trazia vantagens ao canal, principalmente em ad sales. "Os canais qualificados independentes não tem muita publicidade, apesar da base grande. Uma equipe que vende um canal só, fica em dificuldades", explica.
Ricardo Bocão vai no mesmo sentido do sócio: "A estrutura que a gente tinha com a Turner, que nunca foi dona do canal e nunca influenciou na programação, é incomparável. Na época, eram 25 a 30 profissionais vendendo, frequentando as agências e os clientes. Hoje a estrutura é muito mais enxuta. Acho que as programadoras independentes brasileiras se beneficiariam muito se pudessem ter a ajuda dos grupos estrangeiros atuando simplesmente como agentes de vendas. Os grupos se beneficiaram desses canais e vice-versa", diz.
Mesmo assim, ambos concordam que a Lei do SeAC foi importantíssima para o crescimento do canal, que hoje chega a uma base de quase 14 milhões de assinantes. "A gente estava andando bem antes da lei. Não ficamos contando com ela, não somos um canal oportunista, mas a lei nos permitiu dar um salto", diz Antônio Ricardo.
O próximo grande passo do Woohoo no comercial é o investimento em pesquisas para dar subsídios a área. Nas próximas semanas, deve começar a receber dados de audiência.
Segundo Antônio Ricardo, as marcas não estão sabendo aproveitar o bom momento do surf brasileiro. "O surf está no seu apogeu no Brasil. A gente é bicampeão mundial. E a força do surf no Woohoo é gigante, ninguém tem tanta programação sobre o assunto. Mas o estranho é que nenhuma marca se apodera disso. Queremos provar com pesquisa que tem gente vendo a gente", diz. "As marcas fortemente envolvidas com os atletas e as competições poderiam ver o Woohoo como uma das ferramentas", completa Ricardo Bocão.
Internacional
Segundo Antônio Ricardo, o projeto de expansão territorial do canal está avançando, já estando presente em Portugal, Angola, Cabo Verde e Uruguai. Em breve, começará a ser transmitido numa operação OTT dos Estados Unidos com 80 mil assinantes. "Estamos trabalhando para que o canal seja transmitido em três línguas (português, espanhol e inglês), mas, por enquanto, está só em português", conta o executivo. A ideia, no início, é ganhar com assinaturas, até ter escala para a venda de publicidade.
O projeto é ser um canal pan-regional, com uma programação "espelho" em todos os países. "Queremos buscar uma integração, e não ser apenas um canal brasileiro lá fora. Vamos adorar ter programa feito fora, como um peruano ou chileno, com debates de surf. Ou produzir o 'Surf Clube' nos Estados Unidos. Temos muitos formatos e que podem ser replicados fora", conta o executivo, apresentador e produtor. A grade deve explorar vários fusos, usando sempre o mesmo sinal.
Programação
Em programação, a grande aposta é em conteúdo ao vivo. O canal investiu em infraestrutura, levando o playout para dentro do prédio onde concentra as operações. O primeiro programa que já contou com exibições ao vivo foi "Cravando a Borda". A ideia é aumentar as entradas jornalísticas com conteúdos ao vivo e em tempo quase real. Para isso, foi construído mais um estúdio no canal. "O conteúdo ao vivo faz diferença na programação e traz mais relevância para o canal como um todo. Acho que a gente compete mais com a Internet do que com outros canais e o ao vivo nos dá mais condições de competir. O tipo de assunto que cobrimos encontrou um ambiente de proliferação na Internet e a gente não pode ignorar isso", diz Ricardo Bocão. "Nunca mais o Woohoo vai ser o mesmo nessa parte. Estamos bolando três ou quatro conteúdos pequenos para soltar ao longo da programação durante todo o dia. Ao vivo ou tempo quase real", completa.

"O tipo de assunto que cobrimos encontrou um ambiente de proliferação na Internet e a gente não pode ignorar isso", diz Ricardo Bocão.

Por fim, o Woohoo prepara sua entrada nos line-ups em alta definição. O conteúdo já é produzido e finalizado em alta definição. No VOD da Net e Claro, o Now, os conteúdos já estão disponíveis em HD.
"Estamos esperando espaço nas operadoras para entrar com o HD. O investimento necessário é muito alto. Nesse ponto, a Ancine poderia trazer um incentivo do Fundo Setorial do Audiovisual para o ponta pé inicial nos canais independentes. A alta definição dobra o custo de playout e de satélite", diz Antônio Ricardo. Segundo Ricardo Bocão, o projeto está congelado até o final da Olimpíada, que vai demandar muito espaço nos lineups das operadoras.
Fonte: Tela Viva

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