De alguns meses para cá, estamos presenciando a forte investida do Esporte Interativo no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.
Disposto a quebrar o monopólio da Globo, o grupo Turner não está medindo esforços e nem poupando recursos para transmitir o Brasileirão a partir de 2019 na televisão por assinatura, assim como o certame de mata-mata que dá vaga a Copa Libertadores da América.
A Globo, que detém há muitos anos os grandes torneios esportivos, e sobretudo o de futebol, já teve sua hegemonia ameaçada, de fato. Entre 2007 e 2008, a Record tentou tirar o Brasileirão da Globo, sem sucesso, mas foi há 13 anos que uma extensa briga foi parar nos tribunais: os direitos pelo Campeonato Paulista.
Como tudo começou
Em dezembro de 2002, a disputa já havia começado. Silvio Santos tinha planos ambiciosos e queria diversificar a grade de seu canal voltando a investir na transmissão de futebol. Na década de 1990, o SBT deu grande vitrine à Copa do Brasil e à Copa Mercosul, sempre obtendo bons índices de audiência, mas a Globo, que não é boba, tratou logo de pegar para ela os direitos desses torneios com exclusividade.
Naquela época, a Federação Paulista propôs à Globo pagar R$ 12 milhões por 12 jogos do estadual. O canal carioca rechaçou porque entendeu que esses valores eram caros. A FPF, então, ofereceu o Campeonato Paulista a outros canais, e dentre eles, o SBT.
É justamente aí que Silvio Santos entrou em ação e conseguiu convencer Eduardo José Farah, o presidente da federação, a lhe vender os direitos da competição pelos mesmos R$ 12 milhões, mas com uma condição: 22 partidas ao invés de 12. E com exclusividade. O acordo foi firmado.
Na ocasião, o SBT soltou um comunicado à imprensa repleto de alfinetadas à sua maior rival: “Está encerrada, assim, a fase monopolista do futebol brasileiro e da realização de jogos em horários absurdos, conveniente apenas para a rede que tinha o monopólio”. O canal informava a exibição de até quatro jogos semanais, com rodadas duplas aos sábados.
A Globo contra-atacou. Achou um ultraje aquele contrato ser assinado e entrou na Justiça para tentar impugnar o acordo.
Batalhas judiciais
Na estreia do Paulistão 2003, a Globo simplesmente ignorou a determinação do Tribunal de Justiça e colocou a partida no ar. No segundo jogo, entretanto, a Federação Paulista conseguiu garantir a exclusividade ao SBT, impedindo também a transmissão da Record (com quem a Globo dividia os direitos. Ou repassava, como acontece com a Band).
Acontece que ainda no mês de dezembro, a Globo chegou a igualar a proposta do SBT na data limite por meio de um fax, mas protocolou o original somente no dia 2 de janeiro, seis dias após este último prazo. Portanto, a FPF não considerou.
Curiosidade
O telespectador ficava perdido com essa briga. Numa partida entre Santo André e Santos, o primeiro e o segundo tempo tiveram seus inícios retardados por culpa da Globo.
Tudo porque a rede carioca se recusava a deixar de transmitir a partida. Marco Polo Del Nero, que representava a FPF em Santo André, ficou furioso com a audácia da Globo e no intervalo, chegou a dizer que o jogo só continuaria se ela fosse embora por estar desrespeitando uma decisão da Justiça. “Ela tem que respeitar a decisão da Justiça e deixar de exibir o jogo. Os direitos são do SBT. E exclusivos”, afirmou Del Nero.
Mas ele não obteve êxito e a Globo continuou fazendo a transmissão para não retardar ainda mais o jogo e prejudicar o torcedor.
Quem ganhou?
O Campeonato Paulista 2003 ficou conhecido como uma “guerra de liminares” e no final das contas, as duas emissoras exibiram o certame, que teve como campeão o Corinthians.
Logo que terminou, o juiz decidiu que “não há qualquer razão para a formalização de instrumento contratual” por um “campeonato já encerrado”, mas deu preferência ao SBT para adquirir a competição em 2004.
No entanto, o SBT perdeu e a Globo voltou a transmitir o Campeonato Paulista. Mas, ainda em 2003, Silvio Santos tentou tirar do canal carioca o Campeonato Brasileiro da Série A, B e tentou articular a volta do Torneio Rio São Paulo, sem sucesso.
Apenas em 2012 a Globo teve outra baixa no campo esportivo, perdendo as Olimpíadas de Londres para a Record, que exibiu o evento com exclusividade
Fonte:Na Telinha
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