Em sua coluna publicada neste domingo na Folha de S. Paulo, o comentarista esportivo Paulo Vinicius Coelho (PVC), menciona a disputa dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, a partir de 2019, entre Globo e Esporte Interativo e diz que as diferentes táticas de acerto de clubes, especialmente com a emissora carioca, se deve ao fato das equipes estarem com pires na mão, ou seja, precisando de dinheiro o quanto antes para sanar dividas.
Leia abaixo na íntegra a coluna de PVC.
O Corinthians aceitou receber 25% a menos de seu contrato de TV aberta, até 2018, para assinar novo acordo até 2024 e receber adiantamento de R$ 40 milhões.
O São Paulo não topou. Vai receber R$ 60 milhões de luvas – não é empréstimo – e terá garantia de equiparação com Flamengo e Corinthians.
Isso porque a Rede Globo fará rateio do dinheiro semelhante à Inglaterra: 40% igualmente para todos os times, 30% por performance, 30% por exposição. Com as luvas do novo contrato, o São Paulo aproximará o valor que recebe dos ganhos de Flamengo e Corinthians.
Em outras palavras, não haverá a temida espanholização do futebol brasileiro, com Flamengo e Corinthians ganhando muito mais do que todos os outros. O equilíbrio aumenta, mas não para todo mundo.
Ainda há muita gente insatisfeita. Santos, Internacional e Atlético/PR são alguns dos clubes felizes com a proposta do Esporte Interativo. Flamengo e Palmeiras não se encantam com proposta nenhuma neste momento. Esperam os sinais do mercado e aguardam 2018 para assinar novo compromisso, como e com quem quiserem.
"O fato de não termos assinado agora com a Globo não significa que não podemos assinar antes de 2018", diz o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. Paulo Nobre é mais taxativo. O contrato vai até 2018, então o diálogo só precisa acontecer lá na frente.
Só existe uma razão para alguns clubes terem estratégia diferente de Flamengo e Palmeiras: pires na mão. Está difícil para todo mundo, até para a Globo, que pediu a diminuição de 25% do contrato em vigência para quem quisesse adiantar a receita do novo acordo, que estará em vigência entre 2019 e 2024.
Só aceitou quem precisava muito do dinheiro: Atlético/MG, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Sport, Vasco e Vitória. De todos, quem sofrerá menos será o Corinthians, porque recebe mais.
O Botafogo verá a diferença para o Flamengo aumentar ainda mais. Enquanto o rubro-negro recebe perto de R$ 120 milhões/ano, o Botafogo vai diminuir 25% sua receita e cair para R$ 35 milhões anuais, aproximadamente.
Nesta briga entre os que ganham muito e o bloco da pindaíba, quem trabalha bem é o Internacional. Dono de R$ 47 milhões de receita de TV, o Inter não renovou com a Globo e faz mais dinheiro do que isso com seu projeto de sócio-torcedor: R$ 62 milhões por ano. "Quem não é o maior precisa ser o melhor", diz o presidente Vittorio Píffero.
Em 2003, o Internacional turbinou seu plano de sócios e alcançou a receita que o Corinthians fazia com seu patrocínio master: R$ 25 milhões por ano, naquela época. O mercado gaúcho era muito menor do que o paulista, e os torcedores ajudaram a equilibrar a disputa.
Hoje, o Inter recebe mais dinheiro de seu plano de sócios do que da televisão. O plano do Palmeiras é fazer o mesmo.
O programa Avanti supera R$ 30 milhões, bem longe dos ganhos da televisão. Mas somando o dinheiro da bilheteria, as arquibancadas do Allianz Parque dão mais receita do que a exposição na sua telinha.
Não é a ideia de ninguém sobreviver sem Rede Globo, Esporte Interativo e quem mais chegar. Bom será quando todos os clubes tiverem autonomia para assinar o melhor contrato, na hora que quiserem e sem depender de ninguém.
Fonte:http://www.esporteemidia.com/2016/02/pires-na-mao-explica-taticas-diferentes.html
Postar um comentário
Deixe seu comentário