A Netflix anunciou nesta quarta, 6, na CES, que seu serviço de vídeo online passará imediatamente dos atuais 60 para 190 países. A plataforma passa a existir em praticamente todos os países, exceto a China.
Este noticiário conversou com Neil Hunt, chief product officer da companhia. Segundo ele, o maior investimento para permitir esta oferta foi na ampliação das licenças de conteúdos de terceiros, para permitir a oferta global. Em seguida, veio o investimento em infraestrutura (ele não revela o total investido).
Hunt não vê problemas técnicos na expansão da rede, porque ela acontecerá gradualmente, à medida em que entrem os novos assinantes, e garante que a Netflix está preparada para a demanda. A empresa trabalhará junto aos ISPs locais para implantar sua CDN, mas isso acontecerá também na medida em que a demanda crescer, e possivelmente formando hubs de países próximos. Assim, uma CDN pode por exemplo atender seis ou sete países do Sudeste Asiático.
A "virada de chave" aconteceu no exato momento em que o CEO da empresa, Reed Hastings, fazia sua apresentação na CES. Ele contou que a Netflix tem hoje 2 mil empregados, sendo a metade engenheiros, e perto de 70 milhões de usuários. A empresa chega hoje a cerca de metade dos lares nos EUA. "O cabo levou 20 anos pra atingir esse número", lembra. Em 2015, a plataforma trafegou 52,5 bilhões de horas de conteúdo. Atualmente são assistidas 125 milhões de horas por dia na plataforma. A Netflix está presente em mais de mil modelos de dispositivos, e conta com serviço em 17 línguas.
Perguntado por por este noticiário, Hastings disse que não acha que será um problema lidar com as diferentes realidades de tantos países ao mesmo tempo no que diz respeito a direitos, regulamentação, cobrança e atendimento ao consumidor. "Quando começamos no Brasil, só aceitávamos cartão internacional. Fomos aprendendo como o país funciona, nos adaptando, aprimorando o serviço. Será assim nos demais países. O Brasil foi um grande aprendizado, que vamos agora repetir nos outros territórios", disse.
Uma fonte ligada à empresa disse que acompanham de perto a iniciativa da Ancine de regulamentar o VOD no país. "Fala-se nisso há pelo menos cinco anos, estamos acompanhando, mas não acho que vai acontecer nada no curto prazo. Coisas como cotas de produção nacional não fazem sentido numa plataforma de VOD, na minha opinião", disse a fonte.
Conteúdo
A empresa produzirá 600 horas de conteúdos originais em 2016. Além de "3%", já em produção, a Netflix deve ter outras séries brasileiras anunciadas este ano, disse a este noticiário Jonathan Friedlander, diretor de comunicação.
Na CES foram apresentados trailers inéditos de duas novas grandes produções. "The Crown" é ambientada nos anos 1950 e conta a história da rainha Elisabeth, da Inglaterra. Já "The Get Down" mostra o surgimento da cultura disco nos EUA na década de 70.
Os conteúdos originais serão oferecidos simultaneamente em todo o mundo. Já os conteúdos licenciados mantém ainda algumas regras de janelas e territórios diferentes para cada região. A empresa diz que se esforça agora para que todos os novos contratos de licenciamento prevejam a distribuição global.
Todas as novas produções serão gravadas e finalizadas em 4K, e este ano a Netflix começa a distribuir conteúdo com HDR, tecnologia que permite ainda mais resolução e definição de cores (e também consome mais banda). Também deve crescer a produção internacional. A empresa hoje tem coproduções em andamento em mais de dez países.
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